Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

#13 A REVOLUÇÃO VERDE: O drone é a enxada

O investimento em pesquisa ceifou o atraso no campo e fez do Brasil um gigante na exportação de alimentos

Por Roberta Paduan
Atualizado em 4 jun 2024, 17h07 - Publicado em 21 set 2018, 07h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O drone é a enxada
    SAÍDA TECNOLÓGICA – Enquanto a área plantada triplicou, a produção agrícola do Brasil foi multiplicada por nove (Rodolfo Buhrer/.)

    Quando a primeira edição de VEJA foi lançada, em 1968, o Brasil era um grande importador de grãos. Era o Brasil da enxada e da pobreza no campo — além da verminose e da malária —, e a maior parte da população rural sonhava em fugir do atraso migrando para as cidades. Em cinquenta anos, a mudança foi brutal. O país saiu de um patamar de 1 200 quilos de grãos por hectare para 3 750 quilos. “Da década de 70 para cá, a produção de grãos cresceu nove vezes, enquanto a área plantada triplicou. Ou seja, o ganho de produtividade transformou o Brasil de importador de alimentos em um dos celeiros do mundo”, diz José Gasques, coordenador de pesquisas de política agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

    As sementes da virada foram plantadas no fim dos anos 60 e começo dos 70, com o início da ocupação da Região Centro­-Oeste e a criação da Embrapa, uma joia da pesquisa agropecuária. A ocupação do cerrado se deu com a pecuária, que promoveu o povoamento em direção a áreas fronteiriças, com o estímulo dos governos militares. Na época, já era consenso que o mundo seria alimentado pelos países emergentes, especialmente os localizados em áreas tropicais, onde é possível produzir três safras por ano, em vez de uma, como ocorre em zonas de clima temperado.

    Graças ao avanço da Embrapa, o solo ácido do cerrado foi adaptado à agricultura. Hoje, 44% da produção nacional de grãos vem dessa região. A Embrapa ajudou a desenvolver sementes adequadas às condições do solo e do clima do bioma. Com isso, além de permitir o aumento da produção de grãos para exportação, facilitou a alimentação da extensa população bovina criada nos pastos.

    O Brasil que importava alimentos é hoje o maior exportador mundial de proteína animal, o terceiro maior produtor de milho e o segundo de soja — mesmo diante dos gargalos de infraestrutura que eliminam boa parte da eficiência conseguida dentro das fazendas. O valor do frete pago pelo exportador brasileiro é, em média, o quádruplo do desembolsado pelo americano e mesmo pelo argentino. “Se quisermos manter o protagonismo no setor, teremos de usar a tecnologia para uma melhora dramática da infraestrutura de transporte”, afirma o engenheiro agrônomo Cesar de Castro Alves, da consultoria MBAgro.

    Continua após a publicidade

    A Embrapa ajudou a desenvolver sementes adequadas às condições do solo e do clima do bioma do cerrado

    Um pedaço do futuro já chegou. Em Maracaju, em Mato Grosso do Sul, tem-se um exemplo da inventividade que move a revolução verde do país. Flávio Ferreira e Souza, 30 anos, e seu irmão, Gabriel, de 23, netos de fundadores de Maracaju, passam os dias pilotando um drone equipado com duas câmeras de alta resolução e um GPS pelos céus de sua fazenda. Gabriel usa as imagens captadas e depois analisadas por um software para detectar, por exemplo, a presença de ervas daninhas no solo, sem precisar pisar na lavoura. Ao identificar os focos de invasão, aplica o veneno apenas nas áreas infestadas.

    “Antes, tínhamos de cobrir toda a plantação, o que aumentava o gasto com o veneno, o maquinário e o combustível”, explica o agricultor. Como toda ideia boa se espalha rapidamente num ambiente saudável, os irmãos já são procurados para dar consultoria a fazendeiros da região interessados em aumentar a produtividade. Eles já encomendaram um novo drone, que em breve estará sobrevoando os céus de Maracaju. Os avós dos Souza ficariam de boca aberta com a cena.

    Publicado em VEJA de 26 de setembro de 2018, edição nº 2601

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.