Pela primeira vez, as agendas ambiental e de clima têm papel de destaque tanto nos discursos dos principais candidatos à presidência da República, quanto na preocupação dos eleitores com o futuro do país.
De acordo com uma pesquisa encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e realizada pelo Instituto PoderData, 83% dos eleitores acreditam que a Amazônia deve estar entre as prioridades dos candidatos presidenciáveis. Além disso, mais de 70% dos eleitores acreditam que o desenvolvimento econômico está atrelado à preservação do bioma.
Segundo a professora associada do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Maranhão, Arleth Borges, “as pessoas estão entendendo que não podemos fazer da exploração da Amazônia mais um fator de agravamento das questões climáticas, desse desequilíbrio que a gente já vem vivenciando”.
“Além da biodiversidade, há muitos recursos minerais, hídricos, e tudo isso pode ser convertido em fator de alavancagem da economia, mas que não pode só visar o lucro. A gente vem de um processo de notório desgaste e até fracasso, em certo sentido, dessa ideia de desenvolvimento a todo custo, e a Amazônia tem sido muito vítima disso”, afirmou.
Além de avaliar a proposta dos presidenciáveis para a área de meio ambiente e clima, há um movimento para formar novas bancadas no Congresso Nacional, o que é essencial para a aprovação de projetos de lei, por exemplo, que sejam favoráveis à área ambientalista.
Há um aumento de candidatos indígenas, o que pode fortalecer a chamada Bancada do Cocar. Cientistas também lançaram candidaturas, a exemplo de Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que lançou sua candidatura a deputado federal por São Paulo pela Rede Sustentabilidade e que pode fomentar a Bancada da Ciência.
A preocupação com a Amazônia e o desejo que a proteção ambiental seja incluída nos planos de governo vêm aumentando nos últimos meses. Em julho, 76% das pessoas entrevistadas pelo PoderData já haviam afirmado que a preservação da floresta deve ser uma prioridade para os candidatos a presidente. Naquele momento, 62% disseram que a chance de voto aumentaria caso o candidato apresentasse um plano para proteger a Amazônia. Em 2021, eram 58% os que alterariam a escolha por este motivo.