No Nordeste, 66 gigawatts foram outorgados em projetos de energia renovável, o que equivale a quase cinco usinas como a de Itaipu em potência energética. O dado faz parte do Plano Potência Nordeste, elaborado por organizações da sociedade civil, para mostrar como a região pode se tornar referência no desenvolvimento sustentável com crescimento econômico.
Considerando as outorgas já existentes, mais de 2 milhões de empregos podem ser criados nos próximos anos nos setores de energia solar e eólica, caso os planos sejam implementados.
De acordo com uma pesquisa do Instituto ClimaInfo, realizada em maio de 2022 pelo IPEC, a população apoia o investimento em tecnologias verdes. Segundo o estudo, 73% dos brasileiros apontam que os governos federal e estaduais deveriam considerar como prioridade alta o desenvolvimento de uma indústria verde no país, e 69% declararam ter sentimentos positivos com relação à energia solar.
Além disso, 71% entenderam como alto grau de prioridade o anúncio de um programa de geração de empregos locais para o reflorestamento de margens de rios.
Para Aurélio Souza, do Instituto Climainfo, “o Nordeste está hoje passando por grandes mudanças. Ao mesmo tempo que as energias renováveis crescem, é preciso garantir que essa expansão seja feita de maneira ordenada, com menos impacto e com bases sólidas para que um mercado de trabalho com empregos bons e qualificados se forme”.
Para que a implementação do plano seja bem-sucedida, um dos pontos é garantir o protagonismo e a inclusão das populações locais como parte do planejamento para consolidação e expansão da geração de energia desde o início.
Atualmente, o Nordeste responde por 20% do total de energia elétrica gerada no Brasil, atrás somente da geração no Sudeste. De acordo com o Plano Potência Nordeste, para expandir a capacidade de geração de energia elétrica com fontes limpas, áreas degradadas e abandonadas, exceto quando prioritárias para recuperação e uso tradicional, devem ser escolhidas para receber novas centrais e linhas de transmissão.
Assim como ocorre em outras obras, o licenciamento ambiental deve considerar os cenários futuros para a região, além de trabalhar com a melhor e mais recente ciência existente.
Para o coordenador-executivo do Grupo Ambientalista da Bahia (Gamba), Renato Cunha, “a transição energética é fundamental para descarbonizar o planeta, mas deve ser feita com participação da sociedade e levar em conta a justiça social e ambiental das comunidades que podem ser afetadas”.