Nesta quarta-feira, 16, em Sharm el-Sheikh, no Egito, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez seu primeiro discurso internacional após vencer a eleição na COP27, a conferência do clima da ONU. Em sua fala, Lula propôs uma “Aliança Mundial pela Segurança Alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática”.
No mês de novembro, a população mundial atingiu a marca de 8 bilhões de pessoas. Até 2050, serão quase 10 bilhões de habitantes no planeta. Para produzir alimentos de uma forma que atenda as demandas da população do futuro e que seja sustentável, os sistemas alimentares terão que se adaptar às condições impostas pelas mudanças climáticas.
Durante a COP27, a FAO, a agência da ONU para a Agricultura e Alimentação, lançou a Iniciativa de Alimentação e Agricultura para a Transformação Sustentável (FAST, na sigla em inglês).
Desenvolvida em parceria com a presidência egípcia, a iniciativa surge enquanto “o risco de fome e desnutrição entre os grupos mais vulneráveis está piorando e os sistemas agroalimentares do mundo são cada vez mais impactados pela variabilidade climática e eventos climáticos extremos”.
Pequenos produtores rurais de países em desenvolvimento produzem um terço dos alimentos do mundo, mas recebem apenas 1,7% do financiamento climático.
De acordo com a embaixadora da Boa Vontade do Fundo Internacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento Agrícola, Sabrina Dhowre Elba, “precisamos ajudar as populações rurais a aumentar sua resiliência a eventos climáticos extremos e a se adaptar a um clima em mudança. Se não, vamos apenas de uma crise para outra. Agricultores de pequena escala trabalham duro para cultivar alimentos para nós em condições difíceis”.
Ao mesmo tempo, a agricultura e a produção de alimentos respondem por um terço das emissões globais de efeito estufa. Na COP27, representantes da FAO defenderam que não é mais possível manter o sistema atual: produzir alimentos, degradar o solo, diminuir a biodiversidade e afetar o meio ambiente.
Com os incentivos corretos, a agricultura será uma parte essencial da solução para combater a crise climática ao sequestrar carbono e promover adaptação e resiliência. Sistemas de agricultura de precisão, uso de energias renováveis e valorizar o conhecimento de povos e comunidades tradicionais são algumas das ferramentas para transformar o setor.
Segundo a diretora-regional do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Dina Saleh, falhar em ajudar as populações rurais a se adaptarem pode ter consequências perigosas, levando a mais pobreza, migrações e conflitos. “A escolha é entre adaptar ou morrer de fome”, afirmou.