Há exatos 15 anos, o fotógrafo Paulo Pinto estava em Santana do Livramento, interior do Rio Grande do Sul, quando viu uma série de pássaros pousados nos fios de alta tensão. Para ele, apenas um de tantos momentos registrados pelas suas lentes. E seria mesmo se o produtor e músico Jarbas Agnelli, de 61 anos, não tivesse enxergado além da imagem concreta, ao ver a foto de Pinto publicada em um jornal da capital paulista. Ele associou os pássaros às notas musicais posicionadas sobre as linhas de uma partitura musical. Assim que viu, sentou-se ao piano e compôs uma sinfonia eletrônica, Birds on the Wires, música com 1 minuto de duração, vencedora do YouTube Guggenheim, em 2009, e que por isso viajou o mundo. Este ano, Agnelli voltou ao tema, e compôs uma valsa de sete minutos, inspirada em fotos de pássaros enviadas de várias regiões do país.
Ao todo, recebeu 700 imagens, de fotógrafos especializados em natureza, que aceitaram participar do desafio. O compositor selecionou 12 delas para serem usadas no processo criativo. As demais tornaram-se parte do videoclipe da música. “Sempre procurei unir vídeo e música”, conta Agnelli. Batizada de Sinfonia dos Distribuidores de Energia, a música foi composta para ser a trilha da celebração da Associação Brasileira de Distribuição de Energia, realizada na última quinta-feira. A valsa é apenas uma parte de um projeto maior, um audiovisual. Recentemente, Pinto e Agnelli voltaram a Santana do Livramento, local da primeira foto, para filmar parte desse trabalho. “Infelizmente os pássaros não pousam mais naqueles fios porque o morador que dava comida para eles morreu”, conta Pinto, que na época era repórter fotográfico. “O que não imaginava é que minha foto iria revolucionar a vida de Jarbas (Agnelli).”
Novos projetos
De fato, depois de ganhar o concurso do Guggenheim, ele abriu uma nova empresa, batizada de Birds on the Wires, e migrou da publicidade para a produção de conteúdo. Entre os trabalhos mais conhecidos, a direção da série documental JK, da TV Cultura, de 2023, que deve virar um longa. “Apesar de ter trabalhado a maior parte da vida com publicidade, sempre gostei de música”, conta Agnelli. “Meu bisavô, Furio Franceschini, era conhecido compositor de música sacra e trouxe o primeiro órgão para a Catedral da Sé, de São Paulo.” Há planos para nova composição? “Irá fazer parte de uma coletânea de trilhas sonoras produzidas por mim, entre as quais está a do filme nacional Biônicos, filme da Netflix, com o ator Bruno Gagliasso.”