O corredor atmosférico que transporta a fumaça das queimadas na Floresta Amazônica para o Sul e Sudeste do país ganhou intensidade nesta segunda-feira, 9, tornando o ar insalubre em São Paulo e outras capitais do país.
Às 10 horas da manhã, a capital paulista foi a metrópole com a pior qualidade do ar do planeta, segundo o site IQAir, da Suíça, especializado em medições atmosféricas.
A situação é resultado da combinação entre calor, tempo extremamente seco e a fuligem dos incêndios no interior do estado, no Pantanal e na Amazônia.
O IQAir utiliza uma métrica que considera os seis poluentes principais da atmosfera, incluindo o monóxido de carbono. Esses valores são padronizados pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), variando de 0 a 500.
Segundo a medição do site, São Paulo atingiu 160 em seu índice de medição, número considerado insalubre, superando as cidades de Ho Chi Minh, no Vietnã, e Lahore, no Paquistão, que ficaram na segunda e terceira colocações.
Desde o fim de semana, o IQAir vem apontando a gravidade da crise ambiental no Brasil.
No domingo, 8, Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e São Paulo (SP) foram as três metrópoles com maiores níveis de poluição do planeta.
Porto Velho e Rio Branco atingiram o índice de qualidade do ar 210, o que é considerado “muito insalubre”. Já São Paulo atingiu o nível “insalubre”
O Rio de Janeiro também ficou encoberto por fumaça, com índice de poluição seis vezes acima do aceitável, assim como Curitiba e Porto Alegre.

Segundo dados de dispersão atmosférica de aerossóis do Sistema Copernicus, da União Europeia, o fenômeno ganhará ainda mais intensidade nas próximas horas. É o que mostra o modelo analisado pelo instituto de meteorologia MetSul.
Neste início de semana, a fumaça atinge uma extensão de quase 5 milhões de quilômetros quadrados, o que equivale a quase 60% de todo o território nacional.
“Devido às correntes de vento de norte para sul com ar quente pelo interior da América do Sul, um corredor de fumaça que acompanha uma corrente de jato em baixos níveis, um corredor de vento a cerca de 1.500 metros de altitude, que se origina no sul da Amazônia e desce até o território gaúcho, trará ainda mais fumaça para o sul do Brasil”, afirmou o último boletim divulgado pelo Metsul.
Ainda de acordo com o MetSul, o modelo atmosférico mostra que a fumaça atingirá a Argentina, incluindo a capital, Buenos Aires, e o Uruguai ainda na primeira metade desta semana.
“Com isso, uma enorme área da América do Sul nesta semana vai ter a coloração do céu alterada pela presença de fumaça com aspecto de névoa e acinzentado. Haverá redução de visibilidade, com o material particulado deixando o sol laranja e vermelho.”, prosseguiu o instituto.
De acordo com especialistas, a maior parte da fuligem está sendo emitida por incêndios na região sul da Amazônia, que se estende pelos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso.
Mas a fumaceira também é composta de incêndios na Amazônia Legal, que registra o maior número de focos de fogo em 19 anos, na Bolívia e no Paraguai.
Também há focos no interior de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
