A primeira quinzena de janeiro ainda não chegou ao fim e desastres relacionados ao clima já causaram mortes, destruição de casas e levaram o poder público a decretar estado de emergência em mais de uma centena de cidades no Brasil. Na mais recente edição do Global Risks Report, realizado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, as três principais ameaças para os próximos dez anos estão relacionadas à mudança do clima.
Ano a ano, a publicação compila percepções sobre riscos globais entre especialistas da área e líderes mundiais em negócios, governo e sociedade civil. Os riscos são divididos em cinco categorias: econômico, ambiental, geopolítico, social e tecnológico.
Em primeiro lugar na pesquisa, ao considerar o período de uma década, o maior motivo de preocupação é com o cenário em que a sociedade terá falhado em adotar ações para conter a crise do clima. Na sequência, o clima extremo figura em segundo lugar, enquanto a perda de biodiversidade ocupa a terceira posição do ranking. O relatório também apontou que menos de 16% daqueles que participaram de uma pesquisa de percepção se mostraram “otimistas” sobre o panorama global.
Segundo o documento, economias em desenvolvimento (com exceção da China) verão seus PIBs caírem 5,5% abaixo do crescimento esperando em comparação com o PIB pré-pandemia. Os países desenvolvidos terão um crescimento de 0,9%. A diferença entre os ricos e os pobres terá impactos na forma de lidar com os desafios em comum, como a mudança do clima. Outras áreas que exigem esforços globais são a segurança digital, restaurar os meios de subsistência e a coesão social e gerenciar a concorrência no espaço.
Além disso, a publicação destacou que “a crescente insegurança nas formas de dificuldades econômicas, o agravamento dos impactos das mudanças climáticas e a perseguição política forçarão milhões a deixar suas casas em busca de um futuro melhor”. Contudo, como efeito da pandemia e de crises políticas e econômicas, há mais barreiras que podem dificultar o acesso a oportunidades de moradia e trabalho.
De acordo com a diretora administrativa do Fórum Econômico Mundial, Saadia Zahidi, “o aumento das disparidades dentro e entre os países não apenas tornará mais difícil controlar a covid-19 e suas variantes, mas também arriscará paralisar, se não reverter, ações conjuntas contra ameaças compartilhadas que o mundo não pode ignorar”.