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No Hemisfério Norte, verão de 2023 foi o mais quente em 2 mil anos

Temperaturas foram 2,07 graus celsius superiores ao período pré-instrumental

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 Maio 2024, 12h00

Durante o último semestre, uma informação dominou a pauta ambiental: o ano de 2023 foi o mais quente desde o início das medição. Agora, um novo estudo corrobora essa informação e vai ainda um pouco além. De acordo com pesquisadores, o verão de 2023 no hemisfério norte foi o mais quente em 2 mil anos.

O resultado foi divulgado nesta terça-feira, 14, no renomado periódico científico Nature. O que os pesquisadores viram foi que nas áreas extratropicais do hemisfério norte, que compreende regiões como Europa, Rússia, Canadá e Estados Unidos, as temperaturas foram 2,07 graus celsius maiores do que os verões de 1 a 1890 d.C. “Eu não fiquei surpreso, mas não estava esperando que 2023 fosse tão fora da média”, disse Jan Esper, pesquisador da Universidade de Mainz, na Alemanha, e autor do artigo, em coletiva.

El Niño

Segundo Esper, não houve espanto porque o aquecimento global tem empurrado as temperaturas para cima e, em seus 30 anos de investigações, isso já havia ficado claro. O resultado inesperado de 2023, no entanto, foi impulsionado pelo El Niño, que elevou as temperaturas que já estavam em tendencia de crescimento. “Não ficarei admirado se tivermos outro salto como esse nos próximos 10 ou 15 anos”, afirma.

De fato, o El Niño teve um papel importante. O oceano é um dos principais responsáveis pelo equilibro da temperatura, com as águas, geralmente frias, absorvendo o calor atmosférico. Durante esse fenômeno, no entanto, o Pacífico, maior dos oceanos, fica mais quente, impedindo que ele exerça seu papel de resfriar a temperatura global.

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A boa notícia é que, pelo menor por enquanto, o El Niño chegou ao fim, mas com ele veio também uma noticia preocupante. “O El Niño já está bem mais fracos e o esperado é que as temperaturas já tivessem começado a abaixar, mas isso ainda não começou a acontecer, é uma situação não usual”, afirma Regina Rodrigues, Professora de Oceanografia e Clima da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Coordenadora dos Grupos de trabalho sobre Risco Climático e Ondas de Calor Marinhas do Programa Mundial de Pesquisas Climáticas da ONU, em entrevista a VEJA. “Precisamos aguardar o final do ano, mas se mesmo com a La Niña as temperaturas não abaixarem, talvez seja sinal de que passamos algum ponto de não retorno.”

Método

Para fazer essa investigação, o estudo usou como principal referência os anéis de árvores antigas. Eles funcionam como um registro natural de como estava a atmosfera em determinado momento, se relacionando de maneira bastante precisa com as temperaturas atmosféricas. Foi muitos grupos consolidados de árvores e outros sistemas de predição, que possibilitaram a comparação das temperaturas atuais com um período onde os instrumentos de medição ainda não estavam disponíveis.

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Chama atenção que a investigação revelou um valor consideravelmente superior ao 1,5 grau celsius estabelecido como limite pelo Acordo de Paris para que diminuir os efeito desastrosos das mudanças climáticas. Ainda não é sinal de alarme, já que o documento considera uma variação global em relação ao período pré-industrial e o estudo investiga apenas uma parte do hemisfério norte e o faz em comparação com um período mais longo. “O diferencial desse trabalho é que ele contextualiza os dados que ganharam destaque em um longo prazo”, diz Rodrigues.

Solução

Embora o trabalho não tenha avaliado regiões tropicais ou o Hemisfério Sul, Rodrigues afirma que, levando em consideração dados históricos, é possível que a variação de temperatura também seja parecida por aqui. O impacto disso fica evidenciado pelos extremos climáticos. “Nós estamos vendo uma massa de ar quente estacionado sobre o sudeste do Brasil e, no Hemisfério Norte, esses sistemas persistentes também causaram ondas de calor”, ela afirma.

A conclusão do trabalho é irrefutável. “As estimativas demonstram a necessidade de medidas urgentes para reduzir as emissões de carbono”, dizem os autores. Rodrigues faz coro. “Ninguém quer parar de queimar combustível fóssil, então buscam tecnologias, mas nenhuma delas é capaz de retirar carbono da atmosfera na escala necessária. Se não resolvermos o desmatamento e as emissões, nada vai dar conta de mitigar o aquecimento.”

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