Epicentro do capitalismo global, a região de Wall Street, em Nova York, iniciou um plano de intervenções para se proteger contra eventos extremos do clima.
Localizada no sul da ilha de Manhattan, a avenida se estende por oito quadras e é sede da Bolsa de Nova York, além de centenas de instituições financeiras.
Wall Street é também o trecho mais vulnerável de Manhattan, sujeito a enchentes e a elevação do nível do mar.
O projeto elaborado pelo governo de Nova York consiste em elevar a orla do entorno de Wall Street, protegendo assim a área contra enchentes e a subida do nível dos oceanos.
Segundo as autoridades americanas, só ali serão investidos 7 bilhões de dolares, cerca de 36 bilhões de reais, para proteger o perímetro urbano das águas do rio Hudson e do Oceano Atlântico.
As intervenções incluem a elevação da avenida costeira e construção de uma série de áreas verdes. Esses parques funcionarão com esponjas, capazes de reter a água em caso de inundação.
Em 2022, o projeto foi premiado pela The Architect’s Newspaper, uma das mais prestiadas publicações de arquitetura dos Estados Unidos.
A adaptação de Wall Street às mudanças climáticas vai impor uma série de mudanças à população. Após a elevação da orla, os sistemas de transporte público, por exemplo terão de ser reformulados.
Também devem ser erguidas dezenas passarelas elevadas para proteger os nova-iorquinos em caso de inundação.
O programa de intervenções em Wall Street é parte de um projeto maior, que pretende salvar Nova York de eventos extremos e da elevação do nível do mar.
Com 8,5 milhões de habitantes, Nova York possui 836 quilômetros de área costeira. Por isso, segundo especialistas, é uma das metrópoles mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.
Devido ao derretimento das calotas polares causado pelo aquecimento do globo, o nível do mar pode subir até 75 centímetros até 2050. É o suficiente para submergir partes da cidade, principalmente na ilha de Manhattan.
A elaboração do projeto começou logo após o furacão Sandy, em 2012, que inundou dezenas de ruas de Manhattan e fechou Wall Street.
O furacão impôs prejuízos de 19 bilhões de dólares, e fez 44 vítimas fatais. Já a destruição de estações de energia deixou mais de 500.000 no escuro.
No total, Nova York promete investir 52 bilhões de dólares, ou 272 bilhões de reais, em intervenções para proteger a cidade.
No East Side, área nobre de Manhattan, o plano de resiliência em andamento vai criar 4 quilômetros de parques elevados e muralhas, erguendo uma linha contínua de proteção aos 110.000 habitantes do entorno.
O plano será finalizado com a instalação de comportas capazes de barrar a maré alta, devendo ser concluído até 2026.
Ao longo de toda Manhattan, estão sendo plantadas 1.800 árvores, o que, segundo autoridades, vai ajudar a drenar água em dias de chuva excessiva.
“O projeto manterá os nova-iorquinos protegidos nas próximas décadas. E investe em áreas de lazer, incrementando o bem-estar da população”, diz Jainey Bavishi, diretor do Gabinete de Resiliência Climática da prefeitura.
Dezenas de edifícios em Manhattan também estão sendo reforçados, assim como o sistema de esgoto, diz Bavishi.
Ao mesmo tempo, a prefeitura limitou novas construções em áreas consideradas de risco.