Tecnologia transforma resíduo têxtil em energia
Cientistas desenvolveram uma planta piloto e um modelo matemático para calcular os possíveis resultados econômicos e ambientais da inovação
A indústria da moda produz 10% de todas as emissões globais de carbono e o setor é o segundo maior consumidor de abastecimento de água do mundo. Uma equipe de cientistas da Universidade de Tecnologia de Kaunas e do Instituto de Energia da Lituânia propôs um método para converter microfibras encontradas em secadoras de roupa em energia. Os pesquisadores chegaram à conclusão que, ao converter os resíduos gerados por cerca de 1 milhão de pessoas, quase 14 toneladas de petróleo, 21,5 toneladas de gás e quase 10 toneladas de carvão poderiam ser produzidas.
Globalmente, a cada ano são consumidos 80 bilhões de peças de roupa. A produção é acompanhada por grandes quantidades de emissões de gases de efeito estufa. Durante um ciclo de uma máquina de lavar roupas, cerca de 300 mg de microfibra são gerados por cada quilo de tecido.
De acordo com o pesquisador sênior da Faculdade de Engenharia Mecânica e Design da Universidade de Tecnologia de Kauna, Samy Yousef, “as microfibras são classificadas como microplásticos. Enquanto os grandes itens de plástico podem ser separados e reciclados com relativa facilidade, este não é o caso do microplástico. Grandes quantidades desse material estão sendo lavadas em nossos ralos, entrando em nossos mares e ameaçando o meio ambiente”.
A equipe liderada pelo pesquisador desenvolveu uma tecnologia para extrair produtos energéticos de resíduos têxteis. Usando uma planta piloto de pirólise, reação de análise ou decomposição que ocorre pela ação de altas temperaturas, os cientistas foram capazes de extrair três produtos energéticos: petróleo, gás e carvão. Quando tratadas termicamente, as microfibras se transformaram em produtos energéticos com taxa de conversão de cerca de 70%.
Os pesquisadores também desenvolveram um modelo matemático para avaliar o desempenho econômico e ambiental da estratégia sugerida. O estudo mostrou que, se aplicada em escala industrial, a energia gerada a partir da microfibra, considerando o volume gerado por 1 milhão de pessoas, pode ter lucratividade estimada em cerca de 120.000 dólares.