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Nem Lady Gaga salva ‘Casa Gucci’ da falta de rumo e sotaques macarrônicos

Novo filme de Ridley Scott não assume a vocação de peça de tabloide

Por Isabela Boscov Atualizado em 4 jun 2024, 13h16 - Publicado em 26 nov 2021, 06h00

Indo almoçar com Patrizia Reggiani (Lady Gaga), a jovem muito exuberante e vinda do lado de lá dos trilhos com quem seu filho Maurizio (Adam Driver) está namorando, Rodolfo Gucci (Jeremy Irons) é um perfeito cavalheiro. Mas, quando diz a ela, em um apelo sutil, que Maurizio é o que ele tem de mais precioso e ainda assim ela toma posse do rapaz, colocando ostensivamente sua mão sobre a dele, Irons comprime em um único olhar uma multidão de sentimentos: revolta, desgosto, perda e também resignação diante do que ele percebe ser um fato consumado e um desastre anunciado (tinha toda razão: o casamento da peruíssima Patrizia e do cada vez menos suave Maurizio terminou em homicídio, escândalo e julgamento). A cena cria a expectativa de que Casa Gucci (House of Gucci, Estados Unidos, 2021), já em cartaz no país, talvez seja também ele capaz de combinar seus vários propósitos. Mas, a despeito de alguns momentos de embalo, e da energia e dos instintos certeiros de Lady Gaga, o filme do diretor Ridley Scott nem é uma crônica muito fidedigna, nem se assume como peça de tabloide (o que poderia lhe fazer muito bem), nem sabe se divertir (ou diverte) como poderia.

Casa Gucci

Falta a Casa Gucci um senso de direção claro: é um pouco paródia dos ricos e famosos, um pouco recriação de caso policial verídico, um pouco intriga sobre o mundo dos altos negócios, um pouco estudo (ou, vá lá, esboço) de personagem. É de tudo um pouco — e não é muito de nada. Exceto, talvez, de incógnita: sabe-se lá por que raios os personagens — todos italianos — conversam em inglês com sotaque macarrônico, cada um com sua própria receita de molho (a de Jared Leto, que faz o infeliz Paolo Gucci, é intragável).

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Fundada por Guccio Gucci em Florença, nos anos 1920, como uma pequena loja de artigos finos de couro, a Gucci começou a virar império da moda quando os filhos Rodolfo, Vasco (cuja existência é omitida pelo filme) e Aldo (Al Pacino) tomaram as rédeas do negócio. Aldo, em particular, foi o propulsor da expansão da marca. E, como seu representante mais assíduo, não se sabe que jamais tenha saído em público menos do que alinhadíssimo, no que a silhueta alta e magra colaborava. Por algum motivo — talvez para criar algum contraste com Rodolfo, fisicamente muito parecido mas de temperamento bem diverso —, o filme e Pacino se combinam para caracterizar Aldo como um falastrão em ternos de cores espalhafatosas, mais mascate que mercador do glamour.

Casa Versace

Fatos importantes da guerra em que Aldo, Paolo, Maurizio e Patrizia se engalfinharam em permutações diversas também são alterados, sem motivo nítido. E a pièce de résistance da história toda — o assassinato de Maurizio a mando de Patrizia, em 1995, dez anos depois de o casal ter se separado — parece mais uma nota de rodapé anexada ao filme que o seu destino final. A ironia mais deliciosa fica nos bastidores, na presença de Salma Hayek como a vidente que conspirou com Patrizia no crime. Salma é casada com François-Henri Pinault, o presidente do grupo Kering, que desde 1999 controla a Gucci. Da família que dá nome à marca, já não resta nela ninguém.

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Publicado em VEJA de 1 de dezembro de 2021, edição nº 2766

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