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Governo e Centrão negociam o custo da eleição: em vez do triplo, o dobro

Tentam uma saída para o labirinto em que se meteram na construção da eleição mais cara da história, com fundo eleitoral e voto impresso

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 jul 2021, 09h49 - Publicado em 20 jul 2021, 09h30

Arthur Lira, presidente da Câmara e líder do Centrão, com auxílio do antecessor e amigo, Eduardo Cunha, negocia com Jair Bolsonaro uma saída para o labirinto em que se meteram na construção da eleição mais cara da história, com fundo eleitoral e voto impresso.

O fundo de financiamento de campanha vai custar R$ 5,7 bilhões, na conta mais conservadora, o triplo do que custou em 2020. Foi autorizado por Bolsonaro, no projeto governamental para a Lei de Diretrizes Orçamentárias, e teve o valor definido no Congresso pelo Centrão, com o discreto apoio de alguns partidos de oposição beneficiários, como o PT de Lula.

O retrocesso ao voto impresso também já está no orçamento, como tem repetido o deputado Filipe Barros (PSL-SP), relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, presidida pela deputada Bia Kicis (PSL-DF). Ambos são devotos de Bolsonaro.

Para o bolso dos eleitores (contribuintes) o voto impresso representaria uma despesa extra estimada em R$ 2 bilhões. O projeto orçamentário do governo reserva R$ 1,19 bilhão “para pleitos eleitorais”, segundo Barros. Desse total, R$ 1 bilhão seriam destinados a “investimentos”. Faltaria R$ 1 bilhão, na conta de Bolsonaro e aliados.

Somados, fundo eleitoral e voto impresso significam R$ 7,7 bilhões. Mas os gastos públicos com a eleição se multiplicam, se incluírem o custo da propaganda no rádio e na televisão, cerca de R$ 600 milhões, e, principalmente, a conta especial no Orçamento (código RP-9) para despesas de R$ 17,5 bilhões definidas por líderes do Centrão a partir de interesses eleitorais. Em 2020 já foram R$ 19,7 bilhões nessa rubrica. Até dezembro define-se o gasto para 2022.

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Não se sabe como Lira e Bolsonaro, com a ajuda de Cunha, planejam cortar a planilha que ameaça impor ao Tesouro uma conta próxima de R$ 25 bilhões — o equivalente a cinco bilhões de dólares.

O vice-presidente Hamilton Mourão deu uma pista, ontem, ao dizer que haveria “excesso” de pelo menos R$ 2 bilhões no fundo de campanha. Corte desse tamanho deixaria o fundo com R$ 3,7 bilhões — 85% maior do que foi em 2020 e 117% acima do custo da eleição de 2018, quando Bolsonaro se elegeu.

Pelo jeito, Bolsonaro e Centrão avançam numa nova matemática eleitoral: em vez do triplo, vai custar o dobro.

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