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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Nos falta projeto de Nação (Por Otávio Santana do Rêgo Barros)

Era isso o que desejávamos?

Por Otávio Santana do Rêgo Barros
9 dez 2020, 11h00

Militar deve ponderar muito se desejar se envolver em política. Por natural, é mister estar amparado na legislação. Mas, como qualquer cidadão, tem o direito e o dever de pensar grande o País.

Em nossa carreira, confiamos nos relacionamentos construídos nos cadinhos das escolas de formação e que são aprofundados na dura vivência da caserna.

Lealdade e respeito não têm margem de erro. Se eu digo sim, é sim. Se eu digo não, é não. E falamos olhando nos olhos, não desviamos a mirada!

Poderemos, aqueles menos vigilantes, sermos ardilosamente tomados como marionetes de um número de teatro mambembe, onde o manipulador dos cordões não se interessa pelo sorriso ou choro da plateia, apenas com o benefício auferido na bilheteria política ou pessoal.

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Representamos, como soldados profissionais, o papel delineado na peça social do nosso País. Somos uma instituição de Estado, perseguidora dos princípios constitucionais, que se qualifica como a mais conceituada aos olhos da população.

Não tem coloração na política, tem o matiz verde e amarelo da sociedade brasileira.

Desde cedo, aprendemos a avaliar em conjunto os problemas que nos são postos sobre as mesas dos jogos de guerra. Aos que decidem é bom ouvir outras opiniões. Onisciente, onipotente e onipresente, apenas Deus.

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No Brasil dos últimos anos, os temas de relevância nacional não são estudados em todos os aspectos, deixando falhas insuperáveis aos muitos projetos.

Por vezes não são ponderados, ficando a decisão solitária àqueles que se arvoram peritos em tudo, embora possuam uma bagagem analítica na profundidade de um palmo de água.

A sociedade brasileira sofre a afogar-se onde basta ficar de pé para sobreviver a essas decisões impensadas.

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“Estamos padecendo de projeto de Nação”. Essa frase vem sendo repetida como ladainha pelo General Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército Brasileiro.

São diretivas que poderão vencer as barreiras do tempo eleitoral e perdurar como eixo de conduta a nos indicar a senda do desenvolvimento, ainda que nos tome um pouco mais de tempo.

Vivemos voos de galinha que nem são altos, nem são longos.

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Associo-me ao ex-comandante e a outros brasileiros que igualmente se interessam em discutir e cooperar com os seus esforços para o bem da nossa sociedade. O que se semeia desses estudos, pode ser colhido pelos políticos que tenham espírito de estadista.

Tomo de empréstimo de George Orwell, consagrado escritor inglês, a sua obra “A Revolução dos Bichos” e a comparo com o viver de nossos dias.

Na “Granja dos Bichos”, os mandamentos afixados no celeiro grande (os planejamentos, as diretrizes ou os acordos políticos) vêm sendo modificados a cada dia e adaptados pelos Napoleões, Bolas de Neve e Gargantas contemporâneos.

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Na obra, quando os bichos se revoltaram e expulsaram o Senhor Jones, antigo proprietário, eles tinham em mente uma nova proposta de convívio político e social.

Entretanto, passados os anos, se perguntaram: era isso que desejávamos? “Quitéria ficou com os olhos cheios d’água. […] aquilo não era bem o que pretendiam ao se lançarem, anos atrás, ao trabalho de depor o gênero humano.” A égua refletia o sentimento de abandono diante dos ideais que não se concretizaram.

Hoje, os Napoleões, Bolas de Neve e Gargantas voltaram a reunir-se com os granjeiros, aqueles outrora supostos desafetos. Nossa esperança é que estejam tratando de melhor pensar e agir, para oferecerem resultados promissores ao nosso País. E não são poucos os desafios!

Se assim não for, coisa boa daí não sai para os bichos em geral! Mais uma frustração. Coitada das Quitérias.

Paz e bem!

Otávio Santana do Rêgo Barros é general do Exército e foi porta-voz da presidência da República. Escreve aqui às quartas-feiras.

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