JBS controlava conselheiros da rival BRF
A "espionagem" aparece na própria delação da empresa
Os depoimentos da JBS demonstram que a empresa mantinha seus tentáculos não apenas sobre o executivo e o legislativo, mas também sobre os fundos de pensão de estatais. Até aí, nada que não pudesse ser esperado, tamanha a ingerência do mundo político sobre essas estruturas, como Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Previ (Banco do Brasil). A questão fica mais grave quando se revela que a JBS mantinha sob seu controle conselheiros da sua principal concorrente, a BRF. Os executivos Luís Carlos Affonso e Carlos Costa, que aparecem nos áudios como beneficiários de propina da JBS, foram conselheiros da concorrente até 2015, indicados pela Petros, uma das principais acionistas da BRF. Ou seja, por meio do fundo de pensão da Petrobras, Joesley e Wesley Batista tinham nomes de sua confiança em dois assentos no Conselho de Administração da concorrência. Em um mercado de competição acirrada, trata-se de uma vantagem formidável, principalmente pelo potencial de desestabilizar a gestão de quem ameaçava a liderança da JBS em diversos segmentos.