E daí? Bolsonaro passeia de jet ski e diz que país vive ‘neurose’
Presidente cancelou o churrasco, mas saiu para passear no Lago Paranoá – 730 brasileiros morreram nas últimas 24 horas
Não teve churrasco, mas teve passeio de jet ski. O Brasil passou a marca de 10.000 mortes pelo coronavírus sem que o presidente tivesse feito uma viagem para visitar hospitais ou conversar com médicos que estão na linha de frente da batalha.
Bolsonaro poderia, se quisesse, usar o peso da Presidência da República para liderar a negociação de compra de respiradores no mercado internacional. Poderia ter liderado uma frente única de combate à pandemia. Nada fez.
O presidente atua desde o início da crise para atrapalhar o trabalho dos especialistas e boicotar o necessário isolamento social contra o avanço do vírus. Já falou em “histeria”, em “gripezinha”, em “resfriadinho”, já disse que não era coveiro, já debochou de quem se preocupa com as mortes com um “e daí”. A última era o churrasco marcado para este sábado, quando país bateria sua pior marca na macabra contagem de vidas perdidas. Vidas que poderiam ter sido salvas, se o trabalho preventivo tivesse sido feito por Bolsonaro.
O Brasil teve tempo para se organizar. Assistiu parado o avanço e as mortes em outras partes do mundo. Pouco fez. Com 10.627 mortos, 730 só nas últimas 24 horas, o presidente decidiu gastar seu sábado, não em reuniões de emergência ou em discussões com governadores para verificar formas de reforçar o trabalho de quem luta para salvar vidas no front.
Bolsonaro deu uma de Fernando Collor e foi passear de jet ski pelo Lago Paranoá. “O Brasil vive uma neurose. 70% vai pegar o vírus. É uma loucura”, disse. Loucura é outra coisa, presidente.