Única sentença possível é absolvição, diz Gleisi em Porto Alegre
Presidente do PT participou de evento em defesa do ex-presidente na manhã desta segunda-feira e apontou risco de uma "ditadura de toga"
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do Partido dos Trabalhadores, disse na manhã desta segunda, durante a abertura do evento “Diálogos internacionais para a democracia”, em Porto Alegre, que, mesmo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja condenado, a sua candidatura à Presidência nas eleições de 2018 será mantida. “Vamos manter a candidatura do presidente Lula para o bem do Brasil e do povo brasileiro”, disse Gleisi a jornalistas.
O evento com a presença de Gleisi faz parte de uma série de atos na capital gaúcha em defesa de Lula, que terá seu recurso da condenação a nove anos e meio de prisão julgado na quarta-feira, no Tribunal regional Federal da 4ª Região (TRF4).
A senadora disse também que “a única sentença possível” para Lula é a sua absolvição. “Não tem outra sentença possível que não seja a absolvição, dada a falta de observância do devido processo legal na condenação de primeira instância. Não sou eu quem falo, são juristas de renome internacional que se pronunciaram sobre a sentença do Moro, dizendo que ela não tem base jurídica, que ela não respeita o processo legal, não tem provas. Isso tudo leva a gente ter esperança e confiar que o TRF4 cumpra a Constituição e absolva o presidente”, disse Gleisi.
A presidente do PT defendeu ainda os protestos nas ruas para evitar uma “ditadura de toga“. “Se o povo não for às ruas, nós podemos cair numa ditadura, uma ditadura da toga, uma ditadura institucional, branda, mas que não respeita a democracia e os direitos das pessoas”, falou.
Questionada sobre o ambiente de insegurança jurídica que uma candidatura após condenação em segunda instância pode gerar, Gleisi afirmou que o pior seria “uma sentença condenatória injusta”. “Difícil para o país é a gente ter uma sentença condenatória que é injusta. Difícil para o país é a injustiça. Difícil para o país é o momento que estamos vivendo hoje no Brasil, uma crise institucional, uma crise econômica, uma crise política. O povo passando dificuldade”, disse.
No domingo, os movimentos sociais inciaram a montagem do acampamento no Anfiteatro Por do Sol, a 2 km do TRF4, para aguardar a chegada da marcha da Via Campesina na manhã desta segunda-feira. O ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse que não há “ameaça concreta” à segurança vinda dos movimentos a favor ou contra o ex-presidente.