Felipe dos Santos: Do treino para o volante
Único representante do país no decatlo precisou conciliar, até novembro passado, uma dupla jornada, entre treinos e o trabalho como motorista de aplicativo
Sem patrocínio nem apoio do governo, Felipe dos Santos, 26 anos, único representante do país no decatlo — a modalidade mais completa do atletismo, com dez provas diferentes —, deu duro para chegar lá: precisou conciliar, até novembro passado, uma dupla jornada em que emendava seis horas de treinos com outras seis de trabalho à noite como motorista de aplicativo. “Eu tentava descansar, mas não tinha jeito. Dirigia exausto”, lembra. No fim, Santos considera que, além de pagar as contas, a experiência ao volante foi positiva. “Eu era muito fechadão. Lidar com os passageiros me ajudou a ser menos tímido”, diz. Depois da exposição nos Jogos, seu plano é se dedicar 100% ao esporte. Mesmo se quisesse continuar dirigindo, não poderia: seu carro, um modelo popular, ficou aquém dos novos requisitos do app.
Publicado em VEJA de 11 de agosto de 2021, edição nº 2750