O hacker Walter Delgatt Neto explicou em depoimento a ordem cronológica de ataques virtuais até conseguir obter o conteúdo que julgava relevante. O primeiro celular hackeado foi o promotor Marcel Zanin Bombardi, de Araraquara, que havia denunciado o rapaz por tráfico de medicamentos de uso controlado. A justificativa de Delgatti: o promotor cometera atos ilícitos em um processo. A partir da primeira invasão, iniciou-se uma espiral de conexões e ataques a celulares alheios.
No aplicativo Telegram do promotor, Delgatti constatou a existência de um grupo de mensagens chamado “Valoriza MPF”. Pela conta de um integrante desse chat, o hacker obteve o número de telefone do deputado federal Kim Kataguiri. Então, com o Telegram de Kataguiri hackeado, Delgatti conseguiu o número de telefone do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Na lista de contatos de Moraes, que também foi invadido, constava o contato do ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Através do Telegram de Jatot, Delgatti conseguiu os contatos dos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, entre eles Deltan Dallagnol, Orlando Martello Júnior e Januário Paludo.
Através do Telegram de Janot, Delgatti descobriu o número de de Sergio Moro, mas segundo depoimento não obteve conteúdo do Telegram do atual ministro da Justiça.
Delgatti afirmou em depoimento ter realizado as invasões entre março a maio deste ano. O conteúdo foi repassado ao The Intercept Brasil no dia 12 de maio. O hacker afirmou à polícia não ter feito nenhuma edição do conteúdo vazado e não ter cobrado por nenhum conteúdo.