Na maior inflexão de um governo na era democrática, o presidente Michel Temer espantou os meios políticos e econômicos na sexta-feira 16, ao dar uma guinada radical em sua agenda: abandonou sem vacilações o reformismo, tão impopular quanto necessário, e abraçou com entusiasmo o populismo, tão popular quanto desnecessário, ao decretar intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro.
A mudança de rumo deixou à mostra que o presidente, apesar de sua popularidade pedestre, nutre esperanças de ser influente na eleição presidencial ou, até mesmo, de ser ele próprio candidato à reeleição. Nesse projeto, a bandeira do combate à criminalidade é um empurrão e tanto, considerando que a sociedade brasileira, e não apenas a fluminense ou carioca, está exausta de tanta violência. Temer, naturalmente, nega intenções eleitorais e mandou seu porta-voz, Alexandre Parola, dar o recado. “A agenda eleitoral não é, nem nunca o será, causa das ações do presidente.” A desmoralizar a declaração está o tremendo improviso com que a intervenção no Rio foi decretada, sinal eloquente de que tudo foi feito às pressas, diante da iminente derrota na reforma da Previdência.
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