Assassinato de Marielle Franco é desafio para intervenção no Rio
Para especialistas, crime afronta forças de segurança que atuam no estado pois passa a imagem de que nada pode deter criminosos
Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 16 mar 2018, 11h24 - Publicado em 16 mar 2018, 11h22
A vereadora Marielle Franco, assassinada na última quarta-feira (14), no Rio (Mídia NINJA/.)
Dar uma resposta rápida e eficiente ao brutal assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) tornou-se o mais imediato desafio da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Apresentada como “jogada de mestre” pelo governo federal, a ação decidida em Brasília completa, nesta sexta-feira (16), um mês sem apresentar resultados expressivos. E, agora, com um crime e de repercussão internacional para resolver. A ação dos criminosos, segundo especialistas, é vista como uma afronta às autoridades, passando a ideia de que nada pode detê-los.
“Há grande perplexidade em todos nós, mas talvez esse crime seja o grande divisor de águas da intervenção”, diz o presidente da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. “Todo assassinato é grave, mas, quando matam uma ativista do tamanho da Marielle, só há dois caminhos: ou reafirmamos que vivemos numa democracia plena, em que as instituições funcionam, ou vamos seguir o caminho de tantos outros países do continente, com instituições fragilizadas, e onde militantes são executados no meio da rua impunemente.”
1/42 Milhares de pessoas protestam em frente a Alerj contra a morte da vereadora Marielle Franco, no Rio (Ricardo Moraes/Reuters)
2/42 Milhares de pessoas protestam em frente a Alerj contra a morte da vereadora Marielle Franco, no Rio (Ricardo Moraes/Reuters)
3/42 Milhares de pessoas protestam em frente a Alerj contra a morte da vereadora Marielle Franco, no Rio (Pilar Olivares/Reuters)
4/42 Manifestantes protestam pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, na avenida Paulista, São Paulo - 15/03/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
5/42 Manifestantes protestam pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, na avenida Paulista, São Paulo - 15/03/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
6/42 Manifestantes protestam pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, na avenida Paulista, São Paulo - 15/03/2018 (Miguel Schincariol/AFP)
7/42 Manifestantes participam de ato ecumênico pela memória da vereadora Marielle Franco, em frente à Câmara de Vereadores de Recife (Marlon Costa/Futura Press/Folhapress)
8/42 O corpo da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes deixa Câmara do Rio sob aplausos e pedidos por justiça (Fernando Frazão/Agência Brasil)
9/42 Manifestante chora durante protesto realizado na Câmara Municipal do Rio, em apoio à Marielle Franco (PSOL), morta a tiros dentro de veículo na região central da capital fluminense - 15/03/2018 (Mauro Pimentel/AFP)
10/42 Manifestante participa de protesto realizado na Câmara Municipal do Rio, em apoio à Marielle Franco (PSOL), morta a tiros dentro de veículo na região central da capital fluminense - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
11/42 Manifestantes protestam pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, na avenida Paulista, São Paulo - 15/03/2018 (Kevin David/A7 Press/Folhapress)
12/42 Manifestante chora durante protesto realizado na Câmara Municipal do Rio, em apoio à Marielle Franco (PSOL), morta a tiros dentro de veículo na região central da capital fluminense - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
13/42 Apoiadores da vereadora Marielle Franco participam do velório da parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro - 15/03/2018 (Sergio Moraes/Reuters)
14/42 Apoiadores da vereadora Marielle Franco participam do velório da parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro - 15/03/2018 (Sergio Moraes/Reuters)
15/42 Flores são vistas na escadaria da Câmara Municipal do Rio, durante velório da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), morta a tiros na regiã central da capital carioca - 15/03/2018 (Sergio Moraes/Reuters)
16/42 O deputado federal Marcelo Freixo carrega caixão com o corpo da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) na Câmara Municipal do Rio de Janeiro - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
17/42 Apoiadores da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) acompanham chegada de caixão na Câmara Municipal do Rio - 15/03/2018 (Sergio Moraes/Reuters)
18/42 Apoiadores de Marielle Franco (PSOL-RJ) acompanham chegada do corpo da parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro,onde será velada - 15/03/2018 (Sergio Moraes/Reuters)
19/42 Apoiadores de Marielle Franco (PSOL-RJ) acompanham chegada do corpo da parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro,onde será velada - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
20/42 Deputados realizam homenagem à Marielle Franco (PSOL-RJ), morta a tiros dentro de veículo - 15/03/2018 (Cleia Viana/Câmara dos Deputados)
21/42 Deputados realizam homenagem à Marielle Franco (PSOL-RJ), morta a tiros dentro de veículo - 15/03/2018 (Cleia Viana/Câmara dos Deputados)
22/42 Deputados realizam homenagem à Marielle Franco (PSOL-RJ), morta a tiros dentro de veículo - 15/03/2018 (Gilmar Félix/Câmara dos Deputados)
23/42 Deputados realizam homenagem à Marielle Franco (PSOL-RJ), morta a tiros dentro de veículo - 15/03/2018 (Cleia Viana/Câmara dos Deputados)
24/42 Cartazes em protesto ao genocídio negro, e a violência contra as mulheres são vistos na frente da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro (Monica Weinberg/VEJA.com)
25/42 Flores são postas na escada da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro antes do velório de Marielle Franco (Monica Weinberg/VEJA.com)
26/42 Cartaz de solidariedade ao assassinato de Marielle Franco é visto durante a movimentação em frente à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, que antecede o velório da ex-vereadora - 15/03/2018 (Monica Weinberg/VEJA.com)
27/42 Movimentação em frente à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro antes do velório da vereadora Marielle Franco (Monica Weinberg/VEJA.com)
28/42 Manifestantes protestam em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro (RJ), após a vereadora Marielle Franco (PSOL) ser assassinada dentro de veículo - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
29/42 Manifestantes protestam em frente ao prédio da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde será velado o corpo da vereadora Marielle Franco (PSOL), morta a tiros - 15/03/2018 (Wilton Junior/Protegido: Estadão Conteúdo)
30/42 Garoto segura cartaz durante protesto realizado após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
31/42 Manifestantes protestam em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro (RJ), após a vereadora Marielle Franco (PSOL) ser assassinada dentro de veículo - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
32/42 Manifestantes protestam em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro (RJ), após a vereadora Marielle Franco (PSOL) ser assassinada dentro de veículo - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
33/42 Manifestantes protestam em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro (RJ), após a vereadora Marielle Franco (PSOL) ser assassinada dentro de veículo - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
34/42 Faixa de protesto deixada em frente ao prédio da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde será velado o corpo da vereadora Marielle Franco (PSOL), morta a tiros - 15/03/2018 (Wilton Junior/Protegido: Estadão Conteúdo)
35/42 Carro onde a vereadora Marielle Franco foi assassinada no Rio de Janeiro (RJ) - 15/03/2018 (//Divulgação)
36/42 Carro onde a vereadora Marielle Franco foi assassinada no Rio de Janeiro (RJ) - 15/03/2018 (//Divulgação)
37/42 Carro onde a vereadora Marielle Franco foi assassinada no Rio de Janeiro (RJ) - 15/03/2018 (//Divulgação)
38/42 Carro onde a vereadora Marielle Franco foi assassinada no Rio de Janeiro (RJ) - 15/03/2018 (//Divulgação)
39/42 Polícia investiga morte da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro (RJ) - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
40/42 Carro onde a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi executada no Rio de Janeiro - 15/03/2018 (Ricardo Moraes/Reuters)
41/42 Amigos e familiares da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) se consolam após assassinato - 15/03/2018 (Mauro Pimentel/AFP)
42/42 Carro onde a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi executada no Rio de Janeiro - 15/03/2018 (Mauro Pimentel/AFP)
Pesquisadora da violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Alba Zaluar vê o crime como uma tentativa de afronta às forças de segurança. “Com muita audácia, esse assassinato é uma forma de tentar sabotar a intervenção e de chocar a população. O que apavora é a generalidade da vingança contra quem não fez nenhum mal diretamente reconhecível a seus assassinos”, afirma. “Escolheram a vítima para causar impacto. E conseguiram.”
A criminalista Maíra Fernandes, da Comissão da Mulher do Instituto dos Advogados do Brasil e parceira de militância de Marielle há quase 20 anos, demonstra ceticismo. “Um crime bárbaro, contra uma vereadora, no Rio, após ela ter denunciado, sábado passado, a atuação da PM na favela de Acari. O que a intervenção vai fazer?”, questiona ela, em referência à publicação nas redes sociais feita por Marielle. Na internet, a vereadora também vinha se posicionando contra o uso das Forças Armadas na segurança.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, deu entrevista na noite desta quinta-feira (15), no Centro Integrado de Comando e Controle do Rio. Perguntado se achava que o crime poderia simbolizar fracasso da intervenção, ele reagiu, mas reconheceu dificuldades. “A intervenção nunca se propôs a fazer mágica”, declarou. “A intervenção se propôs a trabalho, trabalho e trabalho. A intervenção, até aqui, tem procurado fortalecer e reestruturar as polícias.”
Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB) disse que o episódio “é mais uma evidência” de que o governo federal “está no caminho certo” ao decretar a medida. Em nota, o interventor federal, general Walter Braga Netto, afirmou repudiar “ações criminosas como a que culminou na morte da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes [motorista da parlamentar]”. Ainda segundo a nota, ele acompanha o caso em contato permanente com o secretário de Segurança, general Richard Nunes.
Nesta quinta-feira, militares repetiram o procedimento das últimas semanas: foram à comunidade do Viradouro, em Niterói, na Grande Rio, que foi cercada e teve desobstruídas vias antes bloqueadas por traficantes. A ação repetiu o que foi feito várias vezes na favela Vila Kennedy, Zona Oeste carioca, onde os bandidos restabelecem as barreiras após o fim das operações.
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