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Ataque a indígenas deixa ao menos dez feridos no Mato Grosso do Sul

Em nota, ministério criticou “instabilidade gerada pelo marco temporal” em terras já demarcadas pela Funai; vítimas acusam a Força Nacional de abandonar o local

Por Lucas Mathias Atualizado em 4 ago 2024, 20h28 - Publicado em 4 ago 2024, 20h04

Um grupo de indígenas Guarani Kaiowá sofreu um ataque a tiros na tarde deste sábado, 3. Nas redes sociais, entidades como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Articulação dos povos indígenas do Brasil (Apib) denunciaram a investida, que deixou ao menos dez pessoas feridas – duas estão em estado grave. O relato é de que houve um aviso dado por um agente da Força Nacional para que os indígenas, que estão em retomadas na terra Panambi-Lagoa Rica, em Douradina (MS), deixassem o local. Em seguida, homens armados em caminhonetes efetuaram os disparos. Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que recebeu as denúncias e criticou “a instabilidade gerada pelo marco temporal”. 

De acordo com as entidades indígenas, o aviso teria vindo de um agente da Força Nacional, que disse: “Pega teu povo e sai daqui ou vocês vão morrer”. Em seguida, a corporação teria retirado suas tropas do local, abrindo caminho para o ataque, com “munição letal e balas de borracha”. Duas vítimas estão em estado grave, uma atingida na cabeça e outra, no pescoço. Outras seis pessoas feridas foram levadas ao hospital. 

O ataque aconteceu na retomada Pikyxyin, uma das sete que fazem parte da Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica. O território foi delimitado pela Funai em 2011, em documento que identifica a área como de ocupação tradicional indígena. O procedimento demarcatório, no entanto, se encontra suspenso por ordem judicial. Na última quinta-feira, afirma o Conselho Indigenista Missionário, um ruralista já havia sido preso pela Força Nacional no local. 

Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas criticou “a instabilidade gerada pelo marco temporal para terras indígenas” e enfatizou que o tema “tem como consequência não só a incerteza jurídica sobre as definições territoriais que afetam os povos indígenas, mas abre ocasião para atos de violência que têm os indígenas como as principais vítimas”. 

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Em um vídeo compartilhado no perfil da entidade, é possível ouvir sons de disparos e gritos dos indígenas. Uma intensa fumaça também pode ser vista no céu. No texto divulgado, a pasta afirmou que o Ministério da Justiça e Segurança Pública foi acionado para “receber explicações sobre a ausência da Força Nacional do local imediatamente antes do ataque e para garantir que o efetivo permaneceria no território para evitar novos episódios de violência”. 

De acordo com o MPI, a corporação informou que “o confronto ocorreu no início da tarde, no momento em que fazia o patrulhamento em outra área da mesma região onde acontecem outras retomadas”.

A Polícia Federal também foi oficiada pelo ministério para investigar as incursões de ruralistas na região, assim como a Polícia Militar, que disse ter reforçado o patrulhamento. “As equipes do MPI e da Funai seguem monitorando a situação de forma permanente, e a ministra Sonia Guajajara está em contato direto com o Ministério da Justiça”, diz a nota. A Secretaria de Saúde Indígena foi enviada ao local do ataque para dar suporte aos Guarani Kaiowá. 

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