Oferta Consumidor: 4 revistas pelo preço de uma

‘Até hoje sou alvo dos bolsonaristas’, diz Bruna Surfistinha sobre ataques

Grávida de sete meses de gêmeas, a ex-garota de programa Raquel Pacheco, de 36 anos, fala da maternidade, ofensas na internet e lançamento do segundo livro

Por Cássio Bruno Atualizado em 29 jun 2021, 10h01 - Publicado em 29 jun 2021, 09h58

Você anunciou estar grávida de gêmeas e foi atacada na internet. Tem sofrido muito preconceito?

Os haters atacaram dizendo coisas como se eu não pudesse ter o merecimento de me tornar mãe. Escrevi no Twitter: “o meu único desejo de grávida é ‘Fora Bolsonaro’”. Foi uma brincadeira. Até hoje sou alvo dos bolsonaristas. Não tive a intenção de polemizar. Recebi mensagens do tipo: “suas filhas não merecem nascer”, “você terá de abortar” e “as suas filhas terão vergonha de você”. Xingaram as minhas filhas de vadias. Para mim, a prostituição é muito bem resolvida. Comecei em 2002 e parei em 2005. Está no meu passado distante. Mas existem pessoas que não têm noção que eu, Raquel Pacheco, deixei de ser garota de programa e acabam usando isso como ataques para ofender. Me chamar de puta não ofende. O que incomoda é quando se referem às minhas filhas que nem nasceram ainda. São mensagens, em boa parte, vindas de mulheres. Muitas delas são mães e se sentem no direito de julgar.

A maternidade será um recomeço?

Com certeza. Desde 17 de janeiro quando descobri a gravidez. Ganhou um novo sentido. Estou vivendo um sonho pessoal no meio deste caos de pandemia. Será um desafio ser mãe. Percebo o quanto amadureci. Tudo que vivi foi uma experiência necessária para enfrentar este momento. Eu estava precisando de um novo sentido na vida.

A relação com sua mãe era difícil?

Foi extremamente difícil. Principalmente, na adolescência. Muito por culpa da minha rebeldia. Na infância, a minha relação com ela nunca foi profunda. Não tenho lembranças dela brincando comigo. Só das minhas duas irmãs, que são mais velhas e me davam atenção. Ela não trabalhava e ficava em casa, mas foi ausente no papel de mãe. Hoje eu entendo que ela teve problemas. Como mulher, ela se anulou com o casamento. Meu pai sempre fez questão de ser o provedor de tudo e deixou a minha mãe cuidando do lar e das filhas. Senti falta de ter uma mãe. Na minha adolescência, nunca nos divertimos juntas e a relação piorou quando eu tinha 15 anos. Nunca recebi os “parabéns” quando tirava boas notas na escola. Achei uma maneira de chamar a atenção deles fazendo coisas erradas. Não quero ser assim com as minhas filhas. Quero ser a melhor amiga delas.

Você é uma ex-garota de programa. Tem medo em relação à criação das suas filhas?

O meu único medo é da nossa sociedade machista e do que elas possam ouvir por serem filhas da Bruna Surfistinha sem conseguirem se defender. Quero que elas tenham a consciência de não se permitirem a se machucar e não terem de pagar um preço. Elas vão crescer sabendo que fui garota de programa. A ideia é que ambas me questionem e entendam ter sido apenas uma fase que durou pouco. Tenho uma vida além da prostituição. Vou explicá-las sobre o livre arbítrio, sem preconceito e no convívio da diversidade.

Continua após a publicidade

Sua vida virou livro, filme e série. Você também gravou filme pornô. Qual é a lição que você tira disso tudo?

O Guimarães Rosa tem uma frase que amo: “o que a vida quer da gente é coragem”. Foi a maior lição: a coragem! De assumir o que fui para o mundo. Mas a minha trajetória não é melhor do que a das outras meninas que também fizeram e fazem programa. Todas as histórias são interessantes. Sobre o filme pornô, fui ingênua e, o cachê, ridículo. Caí no papo de que iria ser comercializado no exterior. Quando surgi na mídia como Bruna, a produtora usou de má-fé, sem minha permissão, e lançou. Gravei o filme antes da fama, com 18 anos.

Como está a vida a dois?

Está ótima! Eu morava em São Paulo e, agora, fico no Rio de Janeiro. Estou noiva desde outubro do ano passado. O casamento seria em 2022.  Mas, com a gravidez (os nascimentos de Maria e Elis estão previstos para setembro deste ano), o plano mudou. Resolvemos adiar por mais um ano. Em julho, lanço a minha autobiografia dos meus 36 anos, antes e depois da prostituição. Será uma publicação independente, sem editora. O último capítulo é sobre a gravidez. As vendas serão na minha loja virtual. O projeto foi intenso e ficou muito bonito.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SEMANA DO CONSUMIDOR

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nas bancas, 1 revista custa R$ 29,90.
Aqui, você leva 4 revistas pelo preço de uma!
a partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.