As denúncias de abuso de autoridade envolvendo policiais aumentaram no estado de São Paulo ao longo de 2019. De acordo com levantamento da Ouvidoria das polícias, foram registradas 714 ocorrências no período, contra 709 reclamações do ano anterior.
Os dados constam no anuário sobre as ações da Ouvidoria que será divulgado nesta quinta-feira, 6, e foram disponibilizados com exclusividade a VEJA. De acordo com o ouvidor Benedito Mariano, mais de 80% das denúncias envolvem policiais militares. “É um número muito alto, é a segunda queixa mais recorrente que recebemos”, diz.
Em dezembro do ano passado, o governador de São Paulo, João Doria, afastou os 32 policiais que participaram da operação em um baile funk em Paraisópolis que terminou com nove jovens mortos. As vítimas sofreram pisoteamento e morreram sufocadas após tumulto provocado por uma perseguição policial.
Nesta terça-feira, 4, um PM agrediu uma mulher grávida durante ocorrência para prender um jovem que portava maconha, em São José do Rio Preto, no interior paulista. As imagens acabaram replicadas nas redes sociais e houve comoção pela situação da moça. “A vítima pedia para o policial não bater em sua barriga porque estava grávida, mas ele não atendeu”, disse o ouvidor sobre a conduta do oficial que foi afastado.
De acordo com boletim de ocorrência registrado contra Isabela Sabino de Souza, 23, ela desacatou o agente durante a abordagem de um jovem. Para registrar a ação, ela usou a câmera de seu celular. O aparelho continua em poder da polícia para “perícia”. “Vamos pedir para que no boletim de ocorrência de desacato a autoridade registrado contra a vítima seja incluído o artigo de abuso de autoridade e agressão”, explicou o ouvidor.