O presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer críticas a filmes com discurso LGBT que buscavam autorização da Ancine (Agência Nacional do Cinema) para captar recurso pela Lei do Audiovisual. Durante uma transmissão em vídeo, ele disse que “garimpou” e vetou produções que envolvem esses temas. Ele disse ainda que teria “degolado tudo” se a Ancine “não tivesse, em sua cabeça toda, mandatos”. Os responsáveis pelo órgão preferiram não opinar sobre as declarações do presidente.
Bolsonaro se recusou a admitir que estaria censurando o cinema, apenas sugeriu que as produções fossem financiadas pela iniciativa privada. “Quem quiser pagar, que fique à vontade. Não iremos interferir em nada. Mas fomos garimpar na Ancine filmes que estavam sendo prontos para ser captados recursos no mercado.” Em seguida, passou a listar algumas das obras. Caso de Transversais, sobre as dificuldades de cinco transgêneros que moram no Ceará.
“O presidente escolhe o que ele quer e o que não quer. Isso é indício de censura”, disse Allan Deberton, um dos diretores de Transversais. Outra produção, Afronte, fala da realidade de negros homossexuais que vivem no Distrito Federal. “Olha, a vida particular de quem quer que seja, ninguém tem nada a ver com isso. Mas fazer um filme sobre a realidade vivida por negros no Distrito Federal não dá para entender. Mais um que foi para o saco”, disse o presidente.
A API (Associação de Produtores Independentes do Audiovisual) se pronunciou sobre as declarações do presidente. “Repudiamos tal atitude porque entendemos que não cabe a ninguém, especialmente ao presidente de uma república democrática, censurar artes, projetos visuais e filmes”, informou, em nota.