A Força Aérea Brasileira (FAB) informou na tarde deste sábado, 10, que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), prevê um prazo de 30 dias para entrega do relatório preliminar sobre o acidente com o avião da empresa Voepass Linhas Aéreas (ex-Passaredo) que caiu nesta sexta-feira, 9, em Vinhedo, no interior paulista. O acidente matou 62 pessoas, entre passageiros e tripulantes, e 50 corpos foram retirados dos destroços.
Depois de localizadas, as caixas-pretas, que na verdade são estruturas cor de laranja para facilitar a identificação entre os destroços, foram para o Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (LABDATA) do Cenipa, localizado em Brasília, onde investigadores deram início aos trabalhos preliminares de preparação, extração e degravação de dados. Segundo a FAB, a análise deve prosseguir, “de maneira ininterrupta, pelas próximas horas”.
Os agentes do Cenipa vão analisar tanto o Cockpit Voice Recorder (CVR), que é a caixa-preta com a finalidade de registrar as transmissões de rádio e os sons na cabine, o quanto o Flight Data Recorder (FDR), que tem detalhes do voo, como altitude e velocidade.
Próximas etapas da investigação
A FAB disse que, depois da finalização da fase inicial, no local do acidente, a investigação vai avançar para a etapa de análise de dados.
“Neste estágio, serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e os fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros”, informou, em nota.
Em coletiva no início desta tarde, o chefe do Cenipa, o brigadeiro Marcelo Moreno, da Força Aérea Brasileira (FAB), chegou a informar que não havia prazo para finalização das investigações sobre o desastre. Ele voltou a afirmar que o avião não emitiu alerta sobre emergência para os controladores de voo.
“Os gravadores de voo, as caixas-pretas de voz e de dados, foram encontrados na noite de ontem e transportados para o Cenipa em Brasília. Neste momento, estamos trabalhando na extração de informações para reescrever o que aconteceu neste trágico evento. Em razão da importância das informações, estamos priorizando a qualidade em vez da agilidade.”
O prazo para avaliação do conteúdo da caixa-preta pode variar de acordo com o estado dos equipamentos. Em julho de 2007, no acidente que resultou em 199 mortes do voo 3054 da TAM, que saiu da pista do aeroporto de Congonhas e se chocou em um prédio de cargas da companhia aérea, o prazo entre o desastre e a divulgação da transcrição dos áudios da cabine foi de 15 dias. Na ocasião, no entanto, os holofotes estavam voltados para o setor da aviação devido à CPI do Apagão Aéreo.
A Polícia Federal (PF) também está trabalhando na apuração do acidente. “Tivemos tempo de trazer de Brasília nossos melhores equipamentos e profissionais que estão atuando incansavelmente para que a gente consiga identificar todas as vítimas e confortar todas as famílias”, declarou Rodrigo Sanfurgo, superintendente da PF em São Paulo.
Segundo Tiago Pereira, diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), “aeronave e tripulantes estavam regulares”. Um inquérito policial foi instaurado na delegacia de Vinhedo para apurar as causas do acidente.
Acidente com avião da Voepass
O voo 2283 da empresa Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, saiu de Cascavel, no oeste do Paraná, com destino a Guarulhos, em São Paulo, e caiu no início da tarde desta sexta-feira, 9, na região de Vinhedo. Havia 62 pessoas a bordo.
A lista com os nomes das vítimas foi divulgada e, na manhã desde sábado, a empresa incluiu o nome de mais um passageiro.
Os corpos das pessoas que estavam a bordo serão encaminhados para a unidade central do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, na capital. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que duas vítimas foram identificadas, mas ainda não há a confirmação dos nomes.