Carta ao Leitor: Em todas as plataformas
As Páginas Amarelas mostram como o jornalismo de VEJA, compromissado e minucioso, ganha força também no digital
As Páginas Amarelas de VEJA são o mais prestigiado espaço de entrevistas da imprensa brasileira. Desde 1969, quando foi publicada pela primeira vez uma conversa no gênero pingue-pongue, até esta semana, foram 2 779 entrevistas. “Quem é você, Nelson Rodrigues?” foi a pergunta inaugural, na edição de 4 de junho daquele ano, feita pelo jornalista Luiz Fernando Mercadante ao dramaturgo e cronista pernambucano. A resposta: “Eu sou um pierrô, sou um romântico. Mas o romântico piegas. Não o romântico de grande estilo, o wagneriano”. Ao escritor, poeta e também dramaturgo norueguês Jon Fosse, o editor Alessandro Giannini fez indagação de mesmo tom, na semana passada: “Em seu discurso de aceitação do Nobel, o senhor menciona uma infância quieta e introspectiva. Como o silêncio virou literatura?”. A resposta: “Quando eu era adolescente, tocava bastante violão clássico e guitarra elétrica em uma boy band. Um pouco mais tarde parei de tocar e até de ouvir música. Então, comecei a escrever”.
Rodrigues foi ouvido em sua casa, no Rio, um cigarro a cair pelo canto da boca. Fosse, em um bistrô de Oslo, com uma xícara de café com leite em mãos para disfarçar a timidez. Dois dias antes da data marcada para o encontro, Giannini temeu pelo pior ao receber um e-mail do próprio autor. “Imaginei que ele desmarcaria”, lembra. Felizmente, não. Fosse desejava apenas um pouco mais de discrição, ao trocar o ponto marcado para o bate-papo, um agitado centro cultural, por um canto mais tranquilo e em horário menos movimentado. “Caro Alessandro. Você e eu nos encontraremos para uma entrevista na sexta-feira. O plano seria nos encontrarmos em Kunstnernes Hus às 11 horas. Por vários motivos, seria melhor para mim se pudéssemos nos encontrar para a entrevista às 9 horas, na Espresso House em Parkveien 27. Tudo de bom, Jon.” E assim foi feito.
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O contato direto, olho no olho, é um dos segredos das Amarelas — embora os novos recursos tecnológicos, que ganharam especial destaque na pandemia, autorizem a distância, com relevância equivalente. Vale lembrar, como anedota, que a tonalidade das páginas foi fruto de um acaso. Em uma reunião rotineira, Roberto Civita, o criador de VEJA, sugeriu que a abertura da revista tivesse uma roupagem distinta, talvez uma outra cor. Havia na gráfica da Editora Abril um estoque de papel amarelo. O resto é história. História que continua a ser feita, agora, também em vídeo. A jornalista Marcela Rahal comanda o Amarelas On Air, a versão eletrônica do clássico espaço. É um modo diferente, mais moderno e adequado aos humores da geração que não tira os olhos do smartphone — e deseja consumir notícias nas circunstâncias que bem desejar. “O Amarelas On Air é parte da estratégia digital de VEJA, que busca cada vez mais ampliar os projetos multimídia”, diz Marcela. O jornalismo profissional de VEJA, compromissado e minucioso, pode agora ser acompanhado em todas as plataformas, em salto necessário e inescapável nos dias de hoje.
Publicado em VEJA de 17 de maio de 2024, edição nº 2893