Na manhã desta quinta-feira, 18, o Ministério Público do Rio de Janeiro cumpriu um mandado de busca e apreensão em um dos endereços ligados à família Bolsonaro em Bento Ribeiro, na Zona Norte da capital fluminense. O alvo foi a casa onde morava Alessandra Esteves Marins, funcionária que trabalhou para o então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e que hoje está lotada no gabinete do senador. A ação é parte da Operação Anjo, que prendeu em São Paulo o policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio apontado como o operador esquema de rachadinha na Alerj. Próximo da casa de Alessandra está um imóvel de propriedade do presidente Jair Bolsonaro, que em 2018 funcionou como um dos comitês de campanha eleitoral do candidato.
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Clique e AssineDeclarada como um dos bens do presidente, a casa da Rua Divisória até o ano passado era ocupada por parte da equipe do vereador Carlos Bolsonaro. Lá também era a moradia de Cileide Barbosa Mende, de 44 anos, lotada como auxiliar de gabinete do filho zero dois do presidente até janeiro de 2019. Apesar da formação superior de enfermeira, Cileide era sócia da Siscomp-SP Sistema de Telefonia Computadorizada e Serviços, empresa de telecomunicações do militar Ivan Ferreira Mendes, ex-marido de Ana Cristina Valle, segunda mulher de Bolsonaro e mãe do filho zero quatro dele, Renan.
A equipe de VEJA esteve no endereço de Bolsonaro em maio de 2019, que em nada se assemelha com um escritório, e procurou por Cileide. Uma mulher que se identificou como Lilian, funcionária do gabinete de Carlos, disse que Cileide não mais trabalhava lá, mas vizinhos ouvidos pela reportagem disseram que a ex-funcionária dos Bolsonaro ocupa a casa há cerca de dez anos e que hoje trabalha como instrumentista. Apesar da informação de que lá seria o escritório político de Carlos, vizinhos relataram não haver movimentação no local desde a campanha eleitoral.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Ivan Ferreira Mendes disse que Cileide, que trabalhou como babá de um dos filhos de Ana Cristina Valle e que depois do casamento de Ana com Jair Bolsonaro foi trabalhar no gabinete de Carlos na Câmara dos Vereadores do Rio, era sua laranja na empresa. Ao jornal, o militar reformado disse que Cileide “emprestou o nome” para ele, que não podia assumir formalmente a direção das empresas, e assinava em seu lugar.