Caso Ágatha: investigação terá “máximo rigor”, diz nota do governo do RJ
Contudo, dois dias depois da morte, o governador Wilson Witzel ainda não se manifestou pessoalmente sobre o assunto
Em uma nota publicada na tarde deste domingo 22, o governo do Rio de Janeiro afirma que o governador Wilson Witzel (PSC) “determinou máximo rigor” nas investigações sobre a morte de Ágatha Félix, de 8 anos, baleada na sexta-feira 20 à noite quando voltava para a casa em uma kombi.
Até a publicação desta nota, dois dias após o crime, Witzel ainda não se manifestou pessoalmente sobre o caso. Somente compartilhou em seu perfil no Twitter notícias sobre o Dia Mundial Sem Carro e o aniversário de 129 anos do município de São Gonçalo.
O prefeito Marcelo Crivella também não se posicionou sobre o caso. O governo do Rio já havia se manifestado por meio do Twitter, endossando a tese de que o episódio foi resultado de um confronto entre criminosos e policiais —defendida pela Polícia Militar e negada pela família e por populares.
A nota do governo do Rio destaca que a Delegacia de Homicídios da capital, encarregada das apurações, ouvirá na segunda-feira os policiais militares que participaram da ação que resultou na morte da menina.
As armas dos agentes serão recolhidas para realização de confronto balístico e a reconstituição do crime no local onde a vítima foi baleada será definida ao longo da semana
Denúncia à ONU
A morte de Ágatha Félix levou movimentos sociais de favelas do Rio de Janeiro e a organização não governamental Justiça Global a denunciarem o governador Wilson Witzel e o Estado Brasileiro ao Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para Direitos Humanos. A denúncia afirma que a “morte de Ágatha é consequência direta da política de abate imposta pelo governador às favelas do Rio”.
Assinam o pedido os movimentos Papo Reto, Fórum Grita Baixada, Instituto Raízes em Movimento, Fórum Social de Manguinhos, Mães de Manguinhos, Movimento Moleque, Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência e Arquitetxs Faveladxs.
O assassinato de Ágatha também gerou críticas à política de segurança pública por parte da Ordem dos Advogados do Brasil, da Anistia Internacional no Brasil e da Defensoria Pública do Estado do Rio.
“As mortes de inocentes, moradores de comunidades, não podem continuar a ser tratadas pelo governo do Estado como danos colaterais aceitáveis. A morte de Ágatha evidencia mais uma vez que as principais vítimas dessa política de segurança pública, sem inteligência e baseada no confronto, são pessoas negras, pobres e mais desassistidas pelo Poder Público”, disse a seccional fluminense da OAB.