Caso Henry: Jairinho diz que é inocente, elogia Monique e exalta família
Em interrogatório na Justiça, o ex-padrasto alega que está em paz com relação ao garoto. Ele e a mãe são réus pelo crime e podem ir a júri popular
Acusado da morte do menino Henry Borel, de 4 anos, o ex-padrasto, médico e vereador cassado Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, alegou que é inocente, elogiou a ex-namorada Monique Medeiros, mãe do garoto, e exaltou a família em interrogatório no 2º Tribunal do Júri, nesta segunda-feira, 13. Jairinho e Monique respondem pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado contra a criança. “Sou inocente! Não fiz isso com Henry! Por Deus! Não é verdade. Isso que estão me acusando não aconteceu. Quando me mudei para morar com a Monique, escolhi o melhor quarto para ele. Tínhamos uma vida feliz juntos”, declarou.
Frente a frente com a juíza Elizabeth Machado Louro, Jairinho fez questão de ser educado e cortês. O comportamento adotado por ele foi o oposto do de seus advogados que pouco antes do início do interrogatório travaram um embate com a juíza. A magistrada chegou a alegar se sentir insegura diante do ‘exército’ de defensores do réu. “Não compactuo com a agressão contra ninguém. Juro por Deus que nunca encostei em nenhuma criança”, alegou Jairinho. Além da morte de Henry, ele responde por tortura contra dois filhos de ex-namoradas e a acusação de estupro contra uma delas.
Preso há 430 dias, Jairinho fez questão de elogiar Monique. “Não tenho nada a falar sobre a Monique como mãe e como mulher”, declarou. E mais: alegou estar com a consciência tranquila em relação à memória do menino. “Tenho paz no meu coração em relação ao Henry”, pontuou. Jairinho lembrou da boa relação que tem com a família e seus três filhos. “Nunca apanhei do meu pai e da minha mãe. Minha família foi sempre pautada pelo amor. Não lembro do meu pai entrar em casa brigando. Meus filhos sofrem com a minha situação. Pelos meus filhos, por tudo que é sagrado, socorro, não fiz nada com Henry. Estou sendo injustiçado”, afirmou. Jairinho, aos prantos, disse ainda não saber como os responsáveis pelas investigações conseguem dormir. “Trata-se de uma perícia falsa. O doutor Leonardo Tauil não viu o corpo do Henry. Se ele tivesse analisado, não teria colocado que o pulmão dele estava contundido e sim colapsado. Não se pode misturar laranja com abacaxi”, protestou.
Durante parte do interrogatório que já dura mais de três horas, Jairinho apelou ainda para que a juíza fizesse um exercício de lógica sobre a entrada do menino no Hospital Barra D’or, na Barra da Tijuca, na madrugada do dia 8 de março, data da morte. “A senhora entra no hospital do porte do Barra D’Or com uma criança passando mal. Caso essa criança tivesse algum sinal de agressão, de violência, isso não seria visto prontamente? Não existe uma criança branca do jeito do Henry que era bonito, ter dado entrada com qualquer indício de agressão, se houvesse, eu não seria atendido pelas médicas, seria atendido pela polícia”, sustentou. Jairinho também culpou o hospital. “Jogaram essa batata quente no meu colo. O Henry não tinha lesões e não chegou morto à unidade”, enfatizou. Após o interrogatório, será aberto prazo de cinco dias para defesa e acusação apresentarem pedidos de providências antes do julgamento e as chamadas alegações finais, onde cada um vai apontar os últimos argumentos à juíza que vai decidir se eles vão a júri popular.