Entre janeiro e abril deste ano, o desmatamento no Cerrado avançou 13% e atingiu a marca de 2.133 km², segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Trata-se do maior registro para o período desde 2018 e o número ainda pode subir, pois a contagem ainda não foi finalizada. Para comparação, o território desmatado nos primeiros quatro meses de 2023 equivale a quase duas vezes a extensão da cidade de Belém (PA).
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil em extensão e cobre 24% do território nacional, totalizando 2.036.448 km² – mais que a soma dos territórios da França, Alemanha, Espanha, Itália e Reino Unido. A principal causa de desmatamento no ecossistema é a atividade agrícola, que ocupa cerca de 25,5 milhões de hectares e cresceu mais de 500% desde 1985, de acordo com a iniciativa MapBiomas do Observatório do Clima. Somando-se as áreas usadas para plantio e para pastagem de animais, a agropecuária se estende por cerca de 75,5 milhões de hectares.
Por outro lado, os sistemas do INPE registraram queda do desmatamento na Amazônia em abril. Entre os dias 1º e 28, a área devastada foi de 288 km², o que representa a menor taxa para o mês nos últimos 3 anos e a 3ª mais baixa desde o início do monitoramento em 2015. Ainda assim, os números são altos e colocam em risco a agenda ambiental do governo Lula, que promete zerar o desmatamento ilegal no bioma amazônico até 2030. “Será necessário promover inovações tecnológicas, legais e infralegais, que possam frear a grilagem de terras, garimpos ilegais, invasão de áreas protegidas, bem como endereçar e punir a co-participação de instituições financeiras no desmatamento”, avalia a a porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti.