Em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente Michel Temer (MDB) falou na noite desta sexta-feira (16) sobre o decreto de intervenção federal na segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. “É hora de restabelecer a ordem e a manutenção da ordem foi o fundamento constitucional para a intervenção, tal como descreve o artigo 34 da Constituição Federal”, ao dizer que o governo havia “resgatado a ordem” ao tirar o país da “pior recessão da história”.
O pronunciamento de Temer repetiu a tônica de seu discurso durante a assinatura do decreto, mais cedo. Temer descreveu a intervenção de medida extrema, “porque assim exigiram as circunstâncias”. “Não podemos aceitar mais, passivamente, a morte de inocentes. É intolerável que estejamos enterrando pais e mães de família, trabalhadores honestos, policiais, jovens e crianças. Estamos vendo bairros inteiros sitiados. Escolas, sob a mira de fuzil. Avenidas transformadas em trincheira”, disse.
Temer também afirmou que a medida foi “construída com diálogo” com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), e que as polícias e as Forças Armadas estarão nas “ruas, avenidas e comunidades”. “Unidos, derrotaremos aqueles que sequestram a tranquilidade do povo em nossas cidades. Nossos presídios não serão mais escritórios de bandidos, nem nossas praças continuarão a ser salões de festa do crime organizado.”
O decreto assinado por Michel Temer nomeou como interventor na segurança fluminense o general de Exército Walter Souza Braga Netto, chefe do Comando Militar do Leste, e é justificado a “pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro”.
Braga Netto ficará subordinado apenas ao presidente “e não está sujeito às normas estaduais que conflitarem com as medidas necessárias à execução da intervenção”. Estarão sob comando do interventor as secretarias estaduais de Segurança Pública, incluindo as polícias Militar e Civil e o Corpo de Bombeiros, a de Administração Penitenciária. Na prática, o decreto dá ao general poderes para atuar como um “governador da segurança pública”.
As demais áreas da administração fluminense, que não tiverem relação direta ou indireta com a segurança, seguirão submetidas a Pezão, que, em sua fala na cerimônia de assinatura da ordem, reconheceu a incapacidade do governo fluminense para combater a violência e o crime organizado. “Nós, com a polícia militar e civil, não estamos conseguindo deter a guerra entre facções no nosso estado. Ainda com um componente grave, que são as milícias”, afirmou o governador.
Cerca de quatro horas depois da publicação do decreto, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá, pediu exoneração do cargo.