Ex-presidente da República e senador, Fernando Collor de Mello (PTC-AL) anunciou nesta sexta-feira que pretende voltar ao cargo que ocupou entre 1990 e 1992, quando sofreu impeachment. Collor ofereceu seu nome ao PTC para disputar a sucessão de Michel Temer (PMDB) nas eleições de 2018.
“Tenho uma vantagem em relação a alguns candidatos porque já presidi o país. Meu partido, todos conhecem. Todos sabem o modo como eu penso e ajo para atingir os objetivos que a população deseja para a melhoria de sua qualidade de vida”, afirmou o senador, durante uma entrevista à rádio Gazeta FM, de Arapiraca (AL), que pertence às organizações Arnon de Mello, empresa da sua família.
O partido de Collor que “todos conhecem” é o nanico Partido Trabalhista Cristão (PTC), que não tem deputados no Câmara e tem o alagoano como seu único senador. O PTC é o sucessor do finado Partido da Reconstrução Nacional (PRN), legenda pela qual Fernando Collor se elegeu presidente da República em 1989, quando derrotou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno.
Ele pretende ocupar, como candidato, um “vácuo” que vê existir entre a “extrema esquerda”, representada por Lula, e a “extrema direita”, representada pelo deputado Jair Bolsonaro (que anunciou sua filiação ao PSL).
Impeachment
Em 1992, Pedro Collor, irmão do então presidente, apresentou, em entrevista exclusiva a VEJA, denúncias de corrupção envolvendo o governo e o ex-tesoureiro da campanha, Paulo César Farias. Pedro acusava PC Farias de utilizar empresas de fachada para ocultar o pagamento de despesas pessoais de Fernando Collor com dinheiro ilícito.
No começo de setembro do mesmo ano, foi apresentado um pedido de impeachment contra Collor e, em 2 de outubro, o presidente foi afastado temporariamente do cargo. Um dia antes de ser julgado pelo Senado, o hoje senador renunciou à Presidência para evitar perder seus direitos políticos, mas não obteve sucesso.
Ele cumpriu um período de oito anos de inelegibilidade e tentou ser candidato a prefeito de São Paulo em 2000, mas a Justiça Eleitoral barrou sua candidatura por entender que a punição ainda não estava cumprida. De volta a Alagoas, concorreu ao governo do estado em 2002 pelo PRTB, mas não foi eleito. Em 2006, Collor se elegeu senador.
Um dia depois de sua volta à política, em fevereiro de 2007, migrou para o PTB. Pelo partido de Roberto Jefferson, disputou o governo de Alagoas novamente em 2010 e se reelegeu senador em 2014. Em março de 2016, nova mudança de partido: deixou o PTB e se filiou ao PTC. Na época, disse que “voltava para casa”, em referência ao passado da atual legenda como PRN.
Lava Jato
Mesmo absolvido no Supremo Tribunal Federal por denúncias relativas a seu mandato, os problemas do político alagoano com a Justiça continuaram quando ele já havia se tornado senador: desde agosto do ano passado, ele é réu na Operação Lava Jato, acusado de comandar um esquema de desvios na estatal BR Distribuidora. Ele foi denunciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A segunda turma do STF também abriu processo contra Pedro Paulo Bergamaschi e Luís Eduardo Amorim, o primeiro apontado como operador financeiro do senador e o segundo como administrador das empresas de Collor. Advogado do senador, Juarez Tavares afirmou que “não há prova efetiva” de envolvimento do alagoano com os fatos de que é acusado.
“Não há uma prova efetiva de que o senador Collor de Mello tivesse recebido dinheiro dessas entidades às quais estaria vinculado, à BR Distribuidora e aos postos de gasolina ou às empresas privadas com as quais firmara contrato. Não há nenhuma prova de que os ingressos na conta do senador adviessem dessas empresas”, alegou o defensor.