Com Exército nas ruas, Rocinha tem madrugada sem tiroteio
Há uma semana, favela vive intensa guerra por pontos de tráfico entre facções criminosas rivais, que assustou moradores e afastou crianças da escola
A madrugada deste domingo na Rocinha não teve registro de tiros segundo moradores, policiais e soldados das Forças Armadas que fazem cerco à favela da zona sul do Rio de Janeiro. No início da manhã, a movimentação de pessoas é intensa na entrada da favela. Bares e lanchonetes estão abertos e funcionários da Comlurb, companhia de limpeza urna da cidade, fazem o recolhimento de lixo nas ruas normalmente.
Apesar da aparente tranquilidade, a situação ainda está longe de se normalizar. O policiamento é intenso na região e patrulhas da Polícia Militar e do Exército circulam pela região. No interior da comunidade, ao menos um veículo blindado auxilia na segurança.
Desde o último domingo, a Rocinha é palco de uma intensa guerra entre facções criminosas que assusta moradores e afasta crianças e adolescentes das aulas na região. A situação se tornou ainda mais grave a partir da manhã de quinta-feira, ocasionando um pedido de socorro do governo do Estado às Forças Armadas, para auxiliar o policiamento.
Na tarde do mesmo dia, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, atendeu à solicitação do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e anunciou o emprego de 950 homens da Polícia do Exército no cerco á comunidade, para conter a escalada de violência. A participação não vai se limitar a fiscalização de ruas próximas, com os militares ajudando também no reconhecimento da área e na localização de traficantes escondidos na floresta no entorno da favela.
O início do confronto entre as facções faz parte disputa entre pontos de venda de droga, sendo que a Rocinha é a maior favela da cidade e está localizada em uma região estratégica para o tráfico de drogas no Rio. A presença das Forças Armadas na cidade ocorrerá por tempo indeterminado e já estão sendo discutidas alternativas para uma solução definitiva. Raul Jungmann defendeu a formação de uma força-tarefa federal, formada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Justiça Federal.
O ministro também chegou a apontar a necessidade de interromper e fiscalizar a comunicação entre criminosos que lideram organizações criminosos e seus familiares e advogados, alegando que estes estão sendo utilizados como a forma de levar informações de dentro para fora dos presídios. A proposta recebeu uma crítica de Claudio Lamachia, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que vê cerceamento à liberdade profissional dos defensores.
(Com Estadão Conteúdo)