Com o pai preso, filho de Cabral passeia pela Sapucaí
Um dos poucos políticos que deram as caras no carnaval carioca, deputado federal Marco Antônio Cabral circulou entre os camarotes e a pista
Eram tempos de vacas gordas e liberdade. Sérgio Cabral era sempre uma das estrelas da noite fora da Avenida, na Sapucaí. A expectativa por sua chegada ao camarote que o governo do Rio de Janeiro mantinha gastando alto criava cenários de recepção a um pop-star. Os tempos de crise e o fato de o pai estar preso, no entanto, não deixaram o filho Marco Antônio de fora da folia. Um dos poucos políticos que passaram pela avenida na primeira noite do Grupo Especial, Cabralzinho chegou tarde – por volta das 3h – e não parou um segundo.
Agitado, ele caminhava rápido, às vezes de cabeça baixa. Atrás, alguns poucos amigos e dois seguranças aceleravam o passo para não perder o patrão de vista. Já com o dia claro e a Beija-Flor desfilando, Marco Antônio chegou a um camarote no setor 8. Pediu para colocar um amigo para dentro, vestiu um boné e entrou no espaço. Estava agitado demais. Ficou poucos minutos.
Dali, saiu em disparada de novo. Deu a famosa ‘carteirada’ nos seguranças da Liesa que faziam a segurança do acesso à pista e colocou os que o seguiam para dentro.
A Sapucaí era um palco de celebração da família Cabral. Foi numa dessas noites de festa que, em 2010, um vídeo viralizou com o Cabral pai – então governador e visivelmente alcoolizado – anunciando que Dilma Rousseff, ministra de Minas e Energia de Lula à época, seria a candidata petista à eleição presidencial no final daquele ano.
Outro momento marcante do Cabral fanfarrão na Avenida ocorreu em 2013. De tênis verde e uma camisa rosa, ele caiu no samba durante o desfile de sua escola do coração, a Mangueira. Chegou a reger os ritmistas e a ‘roubar’ o chocalho de um deles para tocar o instrumento. No ano seguinte, seu último no poder e quando a popularidade estava mais baixa, Cabral abusou da informalidade, usando camisa polo e chapéu Panamá. Também distribuiu afagos. Chegou a beijar no rosto o prefeito Eduardo Paes e jogou água na boca dos ritmistas para matar a sede deles.