Coronavírus: sem voos, argentinos ficam presos no Rio
Fronteiras foram fechadas há três dias e consulado prepara lista de repatriação
Um grupo de turistas e imigrantes argentinos se reuniu na porta do Consulado Geral da Argentina no Rio de Janeiro, na tarde desta quarta-feira (19), cobrando uma solução para o fechamento das fronteiras entre os países por conta da crise do coronavírus. Devido à medida anunciada há dois dias pelo presidente Alberto Fernández, muitos voos foram cancelados e os visitantes estão “presos” na cidade, sem ter onde ficar. Desde as 10h, aglomerados, entre vinte a trinta pessoas se revezam no térreo da delegação em busca de informações sobre viagens.
No Rio desde o último dia 11, a turista Analia Bracho, de 30 anos, passaria os próximos dias entre Búzios e Arraial do Cabo, antes de retornar para Buenos Aires no dia 27. A volta seria pela companhia aérea Gol e foi cancelada, sem previsão de reagendamento. Por conta do fechamento das fronteiras estaduais para transportes coletivos, ela sequer conseguiu deixar a capital. Pagou R$ 399 por uma noite em um hostel. “O consulado fez uma lista para repatriação mas se recusou a me incluir porque meu voo é brasileiro, como se isso me fizesse menos argentina”, alega. Analia é asmática e, por isso, está em grupo de risco.
Demitido do emprego temporário nos Estados Unidos por causa da quarentena, Juan Malagamba, de 24 anos, precisou vir ao Brasil para tentar um voo de volta. “Chegamos hoje de manhã e deixamos as malas no aeroporto. Não nos deram nenhuma solução e não temos onde ficar”, contou o viajante. O músico Ezequiel Schaerer, de 33 anos, era voluntário em um hostel no Rio e também tenta ir para casa pela fronteira. “Eu pegaria um ônibus para Foz do Iguaçu, mas nem isso tem”, diz.
No local, havia um agente distribuindo fichas para uma lista de repatriação, com prioridade para pessoas com mais de 65 anos. No portal da instituição, há um formulário de cadastro para ser preenchido por argentinos e residentes que estejam aqui e desejem voltar para o país de origem. A reportagem, até o momento, não conseguiu contato com o consulado. Na última segunda-feira (16), o governo argentino incluiu o Brasil e o Chile na lista de países de risco, de modo que quem retornar destes países terá que cumprir a quarentena obrigatória de 14 dias, sob pena de prisão. A Argentina conta com 97 casos confirmados de Covid-19 e três mortos.