A crise no Ministério da Educação, envolvendo as tentativas de interferência ideológica no Enem e de assédio moral aos funcionários do Inep, revelados por VEJA, ganha mais um capítulo com a entrada do Tribunal de Contas da União e da Procuradoria da República, que vão apurar os fatos narrados pelos servidores do órgão.
Entre outras atribuições, o Inep é responsável pelo Enem, por outras avaliações da Educação Básica e Superior e pelo levantamento de dados na área que auxiliam na formulação de políticas públicas.
Na quarta-feira, o plenário do TCU decidiu, por unanimidade, abrir processo de auditoria para averiguar se os critérios de segurança na formulação da prova foram plenamente atendidos e se o teste seguiu os critérios técnicos estabelecidos pelo próprio órgão. Relatos de servidores colhidos por VEJA revelaram que, no dia 2 de setembro, um policial federal entrou no ambiente seguro, onde a prova é elaborada, e constrangeu os funcionários que ali trabalhavam .
A decisão do TCU atende a um pedido de deputados federais, que solicitaram também o afastamento do presidente do Inep, Danilo Dupas, o que já havia sido negado em novembro.
Em outra frente, o Ministério Público Federal vai investigar se os casos de assédio moral motivaram a debandada de 52 coordenadores e coordenadores adjuntos de seus cargos, incluindo a renúncia de dois coordenadores da prova do Enem. Processo internos obtidos por VEJA mostram que os servidores estão sendo remanejados de função sem consulta prévia e têm seus trabalhos frequentemente questionado pela atual gestão.
A Associação de Servidores do órgão já foi intimada a fornecer todos os documentos para a procuradoria da Cidadania, Seguridade e Educação do MPF.
Apesar da crise no Inep, Danilo Dupas, considerado homem de confiança do Ministro Milton Ribeiro, segue firme no cargo. Internamente, os episódios são considerados meras reações às mudanças que a dupla tenta implementar no órgão e no Enem.