Defensoria e MPRJ abrem investigação sobre qualidade da água da Cedae
A partir de agora, laudos da companhia devem ser analisados pela Fiocruz; líquido tratado e distribuído pela empresa está com cor, cheiro e gosto estranhos
Um ano depois de os cariocas se depararem com bicas e torneiras jorrando água amarronzada com cheiro e gosto de terra, o problema voltou a bater à porta dos moradores do Rio de Janeiro. O líquido, tratado e distribuído pela Cedae, deveria ser insípido, inodoro e incolor, mas desde dezembro os consumidores têm recorrido à versão mineral para beber, cozinhar e até tomar banho. Como resposta, o Ministério Público e a Defensoria Pública abriram mais uma investigação para apurar a qualidade da água. Os órgãos querem que, a partir de agora, os laudos feitos pela empresa sejam analisados pela Fiocruz.
No último dia 21, a Cedae se comprometeu a disponibilizar ao juízo e em seu site os dados técnicos de potabilidade da água e se há, como no ano passado, a presença de geosmina, substância produzida por bactérias que é responsável pela indesejável alteração de odor e sabor.
Em sua página na internet, a Cedae informa que “a água está dentro dos padrões de potabilidade e consumo”. A nota diz ainda que os resultados das amostras apresentaram traços de geosmina em níveis “muito baixos”, o que explicaria as mudanças de gosto e odor. Para mitigar a situação, a empresa aumentou a dosagem de carvão ativado e tem aplicado argila ionicamente modificada como forma de reduzir a proliferação de algas.
Vale lembrar que, por mais que os especialistas afirmem que a geosmina não é tóxica ao ser humano, ela indica alta concentração de bactérias. Entre os consumidores que beberam a água turva, constam relatos de sintomas como enjoo, vômito e diarreia. A consequência tem sido a mesma de 2020, quando a demanda aumentou 30% em relação ao verão anterior: a falta de água potável provocou uma corrida às gondolas de água mineral.
No fim do ano, o governo do estado publicou o edital de concessão da empresa no Diário Oficial. A previsão é os contratos das concessionárias que administrarão a distribuição e o tratamento de água e esgoto de 35 cidades fluminenses sejam assinados que até o fim do primeiro semestre. O leilão, com valor mínimo de 10,6 bilhões de reais, será realizado no próximo dia 30 de abril.