A defesa do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, apresentou nesta segunda-feira um pedido de habeas corpus com o objetivo de reverter a prisão preventiva do líder religioso. Ele é investigado por uma força-tarefa que apura denúncias de abuso sexual feitas por mulheres atendidas em seu centro espiritual, a Casa Dom Inácio de Loyola, na cidade de Abadiânia (GO).
João de Deus se entregou à polícia no domingo 16, e está preso no Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia, a 20 quilômetros da capital. Ele divide a cela com três advogados desde a noite de ontem, quando chegou à cadeia após prestar depoimento e fazer exame de corpo de delito.
Caso o habeas corpus seja negado, a estratégia da defesa será pedir que se adote medidas cautelares em vez da prisão. Entre as opções cogitadas pelo advogado Alberto Toron estão prisão domiciliar, uso de de tornozeleira eletrônica e a proibição de o médium exercer seu ofício.
“São medidas que acautelam o meio social, que preservam a possibilidade da prática de novos crimes, se é que eles existiram, com um método menos invasivo”, explicou o defensor.
Nesse primeiro depoimento à Polícia Civil, João de Deus negou todas as acusações de abuso sexual. Ele deve ser intimado a um novo interrogatório quando começar a investigação de outros possíveis crimes cometidos pelo médium. Por enquanto, os trabalhos se concentram em quinze casos, que serão apurados separadamente.
Busca e apreensão
A delegada Karla Fernandes, coordenadora da força-tarefa que investiga o médium, disse nesta segunda-feira, 17, que a Polícia Civil de Goiás conseguiu autorização da Justiça para cumprir mais vinte mandados de busca e apreensão relacionados às denúncias de abuso sexual contra o líder religioso.
Karla contou que dois desses mandados já foram cumpridos hoje. Do total, quatro são considerados os mais importantes porque miram locais que João de Deus frequentava bastante. O objetivo das buscas é colher material para reforçar o conjunto de provas, principalmente mídias digitais que possam conter mensagens do médium para várias pessoas.
Delegados da Polícia Civil de Goiás e promotores do Ministério Público do estado estão reunidos na tarde desta segunda, na Secretaria de Segurança Pública de Goiás, para discutir as provas e o depoimento do médium, colhido ontem.
O objetivo da reunião é a Polícia Civil dividir as novas informações da investigação com o MP, que também deverá ouvir o líder religioso em um interrogatório a ser marcado. Agora, o Ministério Público está se concentrando em finalizar as oitivas com as testemunhas, informação que também será compartilhada na reunião de hoje. Só após essas etapas é que os promotores concluirão a denúncia contra João de Deus.
(Com Estadão Conteúdo)