Dilma, em palestra em Havard: ‘Não tenho medo, nem culpa’
Nos EUA, presidente ataca processo de impeachment e defende candidatura de Lula: "Deixa ele concorrer para ver se ele não ganha"
A ex-presidente Dilma Rousseff participou na tarde deste sábado da terceira edição do seminário “Brazil Conference”, realizado pelas universidades de Harvard e MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Em pouco mais de 1 hora, ela falou sobre democracia, eleições, Lava Jato e o processo de impeachment – o “golpe”, como se refere.
“No Brasil, eu vivi dois golpes. Um, eu tenho muito orgulho e faz parte da minha história política, de ter enfrentado a ditadura militar e ter ficado presa por três anos. Não que eu acredite que as pessoas precisem ser presas e torturadas”, disse, iniciando seu discurso. “O outro foi o impeachment, que desprezou 54 milhões de votos e feriu a Constituição de 1988; um golpe parlamentar.”
A petista disse que não teme nenhuma pergunta ou investigação sobre seu mandado. “Eu não tenho medo, nem culpa”. E afirmou que Lula deve disputar as eleições – e vencer: “Infelizmente para as oposições, Lula tem 38% nas pesquisas. Não acho que ele tem de ganhar ou perder, mas tem de concorrer. E deixa ele concorrer para ver se ele não ganha.”
A ex-presidente aproveitou a ocasião para reafirmar que jamais interferiu na Lava Jato, e disse que “não é admissível que um juiz fale fora dos autos e que seja amigo do réu”. Neste momento, Dilma recusou-se a responder perguntas da plateia sobre Sergio Moro – que participa do mesmo evento, neste sábado.
Quando foi avisada de que estava estourando seu tempo, a ex-presidente demonstrou irritação: “Vocês querem que eu fale tudo isso em 10 minutos? Impossível. Fui presidente e fui impichada”. Dilma encerrou sua apresentação em Harvard com a frase: “A democracia é o lado certo da história.”
Na plateia, estavam os petistas José Eduardo Cardozo, Fernando Haddad, Eduardo Suplicy (que postou parte da palestra em seu facebook) o empresário Jorge Paulo Lemann, o publicitário Nizan Guanaes e o músico e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.
Em seu périplo pelos EUA, Dilma também visita as Universidades de Columbia e New School, em Nova York, e Princeton, segundo sua assessoria.