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Doria anuncia prorrogação de quarentena em São Paulo até 31 de maio

Alta no número de mortes no interior e litoral impediu o plano original do governador para a retomada de atividades não essenciais

Por Mariana Zylberkan Atualizado em 8 Maio 2020, 18h59 - Publicado em 8 Maio 2020, 12h46
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  • O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou a prorrogação da quarentena em todo estado de São Paulo até 31 de maio. “Como governador, gostaria de dar uma notícia diferente, mas o cenário é desolador”, disse em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 8.

    Como VEJA antecipou, já havia sido tomada a decisão para prorrogar a quarentena na capital até 31 de maio devido às projeções de alta na curva de novos casos previstas para as próximas semanas. “A decisão de prolongar a quarentena é uma decisão pela vida”, disse Doria.

    No pronunciamento, Doria fez um aceno aos empresários que têm pressionado o governo com frequência para liberar a retomada de atividades não essenciais. O maior pleito era pela retomada do comércio a tempo do Dia das Mães, comemorado neste domingo, considerado a segunda data importante para o setor. Ao citar a data, Doria se emocionou ao lembrar de sua mãe, morta quando ele tinha 14 anos.

    O governador pretendia anunciar nesta sexta-feira o Plano São Paulo, conjunto de regras e cronograma para a liberação progressiva da quarentena em todo estado. Mas, diante do aumento do número de casos, principalmente no interior e no litoral, o plano teve que ser adiado.

    Levantamento divulgado pelo governo estadual apontou que, nos últimos dias, o registro de novos casos tem aumentado quatro vezes mais em cidades do interior e do litoral em comparação com o comportamento da curva da Grande São Paulo, epicentro da epidemia no estado. No mês de abril, o número de diagnósticos por coronavírus subiu 3.302% no interior – saltou de 129 para 4.300, até o dia 30 de abril.

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    De acordo com o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, estudos apontam que as medidas de quarentena em São Paulo 40.000 vidas foram poupadas, apesar de a taxa de isolamento social estar abaixo dos 70% preconizado pelas autoridades médicas. Se o percentual continuar por volta de 50%, Covas disse que há previsão de ocorrer cerca de 100.000 mortes no estado. Até esta quinta-feira, 7, o estado registrou 39.928 casos, com 3.206 mortes.

    Entre as medidas de retomada das atividades que seriam anunciadas pelo governo sob o projeto batizado de Plano São Paulo – e válidas para todo o estado -, estão a reabertura de salas de cinema com limitação de assentos a partir da técnica “tabuleiro de xadrez” (alternando poltrona ocupada com poltrona vazia), sistema de escaneamento de ingressos para evitar o contato com funcionários e venda de bebidas e alimentos somente em pacotes fechados. Nos parques, as medidas restritivas incluem permissão para atividades físicas de forma individual ou em grupos de pessoas que vivem na mesma casa. O uso de bancos será proibido. Nos salões de beleza, as reaberturas serão com quadro reduzido de funcionários e uso obrigatório de mecanismo de limpar sapatos com hipoclorito de sódio antes de entrar no estabelecimento. Nas academias de ginástica, será restringida a entrada de um cliente para cada 4m². As regras tiveram como inspiração práticas estabelecidas em países como Estados Unidos, Alemanha e Dinamarca. O plano de retomada está sendo gerido pela equipe econômica de Doria e liderada pela secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen.

    Na coletiva, Doria também anunciou o afastamento do infectologista David Uip da coordenação do centro de contingência contra o coronavírus no estado por motivos de saúde. “Senti alterações cardiológicas e clínicas, e por recomendação médica devo me afastar”, disse Uip em carta lida por Doria. O médico contraiu coronavírus há cerca de um mês e se recuperou.

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