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Economistas do Plano Real pedem, em carta, a refundação do PSDB

Edmar Bacha, Gustavo Franco e Elena Landau defendem renovação ética e programática, saída do governo Temer e embate com radicais populistas em 2018

Por Da Redação
Atualizado em 4 ago 2017, 12h51 - Publicado em 3 ago 2017, 20h57

Um grupo de economistas ligados ao PSDB desde a fundação e que participou da elaboração e implantação do Plano Real lançou uma carta pedindo a refundação ética e programática do partido, o afastamento do governo Temer e a sua reorganização para impedir que em 2018 um radical populista de direita ou de esquerda ganhe a eleição para a Presidência.

A carta foi assinada por Edmar Bacha, Gustavo Franco – ambos integrantes da equipe que criou o Plano Real -, Elena Landau (que comandou o programa de desestatização no governo Fernando Henrique Cardoso) e Luiz Roberto Cunha, que a exemplo dos outros três, integrou um grupo de economistas da PUC-Rio, que também reunia Persio Arida, André Lara Resende e Francisco Lopes, de grande influência na economia brasileira nos anos 1990.

Os signatários dizem que chegaram a pensar em se desligar do PSDB, mas que optaram por escrever a carta e enviá-la ao presidente interino do partido, o senador Tasso Jereissati (CE). “Continuamos a acreditar nos ideais que levaram à fundação do PSDB, que eram os de dissociar-se, em nome da ética, do PMDB controlado por Orestes Quercia; e construir um partido social-democrata comprometido com a justiça social, a ideia de uma economia de mercado governada pela livre iniciativa, a estabilidade da moeda, a responsabilidade fiscal e a integração do Brasil ao mundo desenvolvido”, dizem no documento.

Na carta, afirmam ainda que o “PSDB estabeleceu sua identidade a partir dessas pautas econômicas nas quais os signatários empenharam seu trabalho e suas energias e com as quais o governo de Fernando Henrique Cardoso deixou inestimável contribuição para a prosperidade do país” e pedem que o partido se arme para a disputa eleitoral em 2018 que tem, segundo pesquisa Datafolha de junho, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PSC) como favoritos.

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“Não vemos no horizonte político brasileiro outro partido com igual força para se contrapor ao enorme risco que, mantido o atual governo, o país enfrentará nas eleições presidenciais de 2018. Trata-se da possibilidade da eleição de um radical populista, de esquerda ou de direita, que arruinaria com as perspectivas econômicas e talvez mesmo com a democracia no país.”

Para eles, é fundamental que, para vencer em 2018, o partido se dissocie imediatamente da gestão do presidente Michel Temer (PMDB). “Infelizmente incapaz até agora de se dissociar de um governo manchado pela corrupção institucionalizada que herdou do PT, o PSDB tem optado por deixar vazio o centro político ético de que o país tanto precisa.”

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“Fica nosso apelo para que, na convenção de agosto, sob sua liderança o PSDB – reafirmando seu apoio à equipe econômica e mantendo-se à frente das reformas no Legislativo – decida (1) renovar sua direção; (2) entregar os ministérios que têm no governo; e (3) refundar-se programática e eticamente”, afirmam no documento.

No fim, eles dizem que “o Brasil precisa ter de volta o PSDB de André Franco Montoro, José Richa e Mario Covas, conduzindo as reformas necessárias para o país enfrentar os desafios do século 21. Confiamos em você [Tasso] para liderar esse movimento.”

Veja a íntegra da carta:

Rio de Janeiro, 27 de julho de 2017

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Senador Tasso Jereissati
Diretório Nacional do PSDB
Brasília, DF

Caro senador,

Depois de longas conversas, entre desligarmo-nos do PSDB e escrever-lhe esta carta, decidimo-nos por este último curso de ação, autorizando-o desde já a compartilhar seu conteúdo com quem julgar de direito. A opção de nos desligar do PSDB pareceu-nos no momento precipitada tendo em vista sua sábia decisão de marcar uma convenção do partido para o próximo mês de agosto.

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Continuamos a acreditar nos ideais que levaram à fundação do PSDB, que eram os de dissociar-se, em nome da ética, do PMDB controlado por Orestes Quercia; e construir um partido social-democrata comprometido com a justiça social, a ideia de uma economia de mercado governada pela livre iniciativa, a estabilidade da moeda, a responsabilidade fiscal e a integração do Brasil ao mundo desenvolvido.

O PSDB estabeleceu sua identidade a partir dessas pautas econômicas nas quais os signatários empenharam seu trabalho e suas energias e com as quais o governo de Fernando Henrique Cardoso deixou inestimável contribuição para a prosperidade do país.

Não vemos no horizonte político brasileiro outro partido com igual força para se contrapor ao enorme risco que, mantido o atual governo, o país enfrentará nas eleições presidenciais de 2018. Trata-se da possibilidade da eleição de um radical populista, de esquerda ou de direita, que arruinaria com as perspectivas econômicas e talvez mesmo com a democracia no país.

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Infelizmente, incapaz até agora de se dissociar de um governo manchado pela corrupção institucionalizada que herdou do PT, o PSDB tem optado por deixar vazio o centro político ético de que o país tanto precisa. Como afiliados com alguma responsabilidade pelas opções técnicas do partido, esperamos com esta carta poder influir para mudar essa orientação.

Fica nosso apelo para que, na convenção de agosto, sob sua liderança o PSDB – reafirmando seu apoio à equipe econômica e mantendo-se à frente das reformas no Legislativo – decida (1) renovar sua direção; (2) entregar os ministérios que têm no governo; e (3) refundar-se programática e eticamente.

O Brasil precisa ter de volta o PSDB de André Franco Montoro, José Richa e Mario Covas – conduzindo as reformas necessárias para o Brasil enfrentar os desafios do século 21. Confiamos em você para liderar esse movimento.

Cordialmente,

Edmar Bacha, Elena Landau, Gustavo Franco e Luiz Roberto Cunha

 

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