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Em depoimento, João de Deus nega abusos e fala vagamente sobre patrimônio

Segundo o 'Jornal Nacional', da TV Globo, médium afirmou à polícia que não trancava a porta de cômodo em atendimentos e que recebe R$ 60.000 por mês

Por Redação
Atualizado em 17 dez 2018, 23h26 - Publicado em 17 dez 2018, 21h27

Preso preventivamente desde o domingo 16, sob suspeita de abusar sexualmente de mulheres, crianças e adolescentes em seu centro espiritual, em Abadiânia (GO), o médium João de Deus negou as acusações em depoimento à Polícia Civil de Goiás na noite de domingo.

Segundo o Jornal Nacional, da TV Globo, que teve acesso ao conteúdo da oitiva, o médium afirmou aos investigadores que fazia atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em uma sala cuja porta é transparente e que “possui um sofá, um local para a refeição e também um banheiro”. João de Deus disse que nunca trancou a porta durante os atendimentos e que, “muitas vezes”, os atendidos preferiam fechá-la.

O médium também declarou que o cômodo tem janelas e que, por isso, é possível ver o interior dele pelo lado de fora. Ele disse não ter critério para escolher pessoas a atendimentos individualizados e que nunca o fez.

Conforme os relatos de algumas mulheres que dizem ter sido abusadas sexualmente por João de Deus, ele primeiro as atendia em público, incorporando uma “entidade”, que pedia para que encontrassem o médium em seguida, sozinhas, em seu escritório. Os abusos ocorriam, de acordo com os relatos, dentro da sala dele. Algumas contam ter sido levadas a um banheiro dentro do cômodo. Elas afirmam que João de Deus lhes pedia sigilo sobre as supostas “práticas espirituais”.

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O médium também foi questionado sobre o relato mais recente de abuso dentro do centro espiritual em Abadiânia, que teria ocorrido em outubro de 2018. A mulher diz ter ficado sozinha com João de Deus dentro da sala dele, que ele apagou a luz, “começou a massagear debaixo do ventre” dela e tirou o pênis para fora da calça. Depois do atendimento, segundo o relato, ele pediu a ela que escolhesse um quadro.

Outras mulheres já haviam citado que, depois de terem sofrido abusos sexuais, João de Deus lhes ofertava pedras preciosas.

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Sobre o suposto caso de outubro, o líder espiritual confirmou que “ofereceu alguns quadros após o atendimento” e negou ter abusado sexualmente da mulher. Ele afirmou que ela “tem nível superior, sabe o que está alegando e deve provar”. Sobre o namorado dela, que a acompanhou à Casa Dom Inácio de Loyola, João de Deus disse que o considera “uma ótima pessoa, mas que o mesmo apresenta algum problema de ordem mental”.

No depoimento, o médium afirmou também que, antes de o programa Conversa com Bial, da TV Globo, publicar as primeiras acusações contra ele, recebeu um telefonema de um homem, que teria dito que “acabaria” com ele. “Eu tenho cinquenta pessoas para acabar com você”, teria ameaçado, de acordo com João de Deus.

Patrimônio

Investigado pelo Ministério Público de Goiás por suposta lavagem de dinheiro, o médium disse no depoimento que ganha 60.000 reais por mês, oriundos de um laboratório que mantém na Casa Dom Inácio de Loyola e de sete fazendas que possui em Goiás. Ele não soube citar exatamente quantos veículos tem e afirmou ter “várias casas”, mas que algumas delas foram doadas a filhos.

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Sobre os 35 milhões de reais que foram movimentados em suas contas bancárias nos últimos dias, ele respondeu desconhecer e que apenas pagou alguns funcionários com cheques nominais. “Não tem esse negócio de milhões”, disse.

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