O Corpo de Bombeiros começou nesta quinta-feira uma nova estratégia para a retirada dos escombros do edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou em um incêndio na madrugada do dia 1º de maio, em São Paulo. Duas escavadeiras, um trator e caminhões começaram a auxiliar os integrantes das equipes de resgaste, após 48 horas do desabamento do edifício.
“Informamos que completadas as 48 horas do colapso estrutural do edifício no Largo do Paissandu, o Corpo de Bombeiros já entrou com máquinas para auxiliar na remoção dos escombros. Cumpre salientar que isso não quer dizer que descartamos encontrar vítimas com vida, mesmo com as máquinas, o trabalho continuará cuidadoso”, informou a corporação, em nota divulgada no Twitter.
O Corpo de Bombeiros trabalha, desde o início da manhã, com 62 homens e 20 viaturas no local. O protocolo internacional, em casos de desmoronamento, estipula em 1% a 3% as chances de encontrar sobreviventes após 24 horas. As chances de encontrar pessoas vivas após 48 horas são mínimas.
As equipes de resgate buscam quatro pessoas desaparecidas: um morador, chamado pelos vizinhos de Ricardo, que tentava ser resgatado pelos bombeiros no momento do desabamento, uma mulher e dois filhos, considerados desaparecidos pelo ex-marido.
Até o início da noite de quarta, cães farejadores utilizados pelas equipes de resgate não detectaram nenhum sinal de pessoas sob a montanha de escombros que restou do edifício. Segundo os bombeiros, a reação dos cães indicava que as buscas terão de ser aprofundadas com o uso de máquinas pesadas, que começou a partir das 3h desta quinta.
Mais 45 pessoas, que constam no cadastro da prefeitura como moradoras do prédio, também não foram localizadas, mas não há informação de que estavam no edifício. A prefeitura de São Paulo informou que o prédio era ocupado por 372 pessoas, de 146 famílias. De acordo com a Secretaria de Assistência Social, 320 pessoas foram cadastradas como desabrigadas após o desabamento.
Equipamentos
Os Bombeiros delimitaram como área prioritária de atuação a zona na qual Ricardo teria caído. Para os agentes, esse é local é onde há maior probabilidade de haver vítimas. Além das retroescavadeiras, os bombeiros também usam um drone, câmera térmica, sensores e cães farejadores na busca de possíveis vítimas do desabamento no centro de São Paulo. Ao todo, 367 bombeiros já participaram da ação.
A câmera térmica permite identificar os pontos em que o incêndio está mais intenso (o que pode ultrapassar os 150°C). “A câmera nos aponta os locais de mais altas temperaturas, para onde os jatos de água são direcionados para que possam resfriar o local” diz o tenente Guilherme Derrite.
O bombeiro afirma que, em um incêndio de grande proporção, é comum que o fogo demore para ser completamente apagado. “Os focos vão mudando. Quando se retira um escombro aparece outro foco”, explica.
Além disso, a câmera permite identificar os ambientes de atuação. “Por meio de infravermelho, ela me fornece uma imagem no display reproduzindo exatamente o ambiente. Se tiver algum obstáculo, uma escada, porta, um buraco no chão, consigo enxergar. Coisa que, a olho nu, não seria possível”, explica o tenente André Elias.
Os bombeiros também utilizam uma espécie de microcâmera instalada em um cabo e que é conectada a um celular. O equipamento é utilizado para analisar ambientes muito restritos, por meio de buracos e frestas.
Dentre os equipamentos, também há sensores infravermelhos. “Ele faz uma marcação do prédio em relação a um ponto na terra. Se ele tiver alguma movimentação, esse sensor apita. Isso quer dizer que o prédio está em movimentação e pode desabar. E isso não aconteceu em nenhum momento”, aponta o capitão Marcos Palumbo.
Segundo Derrrite, uma das dificuldades é que o subsolo do edifício também era habitado, onde havia madeira, papel, tecidos e outros produtos inflamáveis. “É bem difícil para o Corpo de Bombeiros fazer a água chegar até esses locais”, diz.
(com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)