Black Friday: assine a partir de 1,00/semana
Continua após publicidade

Em ritmo de 2026, Zema acelera agenda com agro, empresários e investidores

A movimentação do governador indica que ele mira exatamente o eleitorado que levou Bolsonaro ao poder, focando temas caros à direita brasileira

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h24 - Publicado em 7 out 2023, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Estrela política que ascendeu na mesma onda que levou o bolsonarismo ao Palácio do Planalto em 2018, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, conquistou a sua reeleição ainda no primeiro turno no ano passado. Desde então, se credenciou como um nome a ser levado em conta no cenário nacional para 2026, sobretudo após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Embora aliados digam que a prioridade seja fazer uma boa gestão para lá na frente definir o rumo, a sua agenda mostra que ele já pensa mais longe. Só em setembro, o governador emendou uma série de reuniões com empresários graúdos, gente importante do mercado financeiro e a parcela mais aguerrida da militância conservadora no Brasil. Nos eventos, falou de projetos para o país e pregou a união da direita, mas fez pouca referência a Bolsonaro, ainda dono do maior cacife eleitoral nesse espectro político. O comportamento despertou a ira do núcleo duro do ex-presidente, que acha que o mineiro ensaia um voo mais alto desgarrado do ex-capitão.

    A movimentação de Zema indica que ele mira exatamente o eleitorado que levou Bolsonaro ao poder. A agenda privilegia encontros nos quais são tratados temas caros à direita brasileira, como o liberalismo econômico e o conservadorismo nos costumes. No primeiro caso, ele foi a dois eventos do LIDE, a entidade do ex-governador paulista João Doria — um em São Paulo e outro em Milão, na Itália. Na Fiesp, sentou-se com o presidente da entidade, Josué Gomes da Silva, com empresários, como Benjamin Steinbruch, gente do agro, como Marcos Molina (Marfrig), e nomes de peso da Faria Lima, como Guilherme Benchimol, dono da XP. Na outra frente, foi à CPAC Brasil, braço de um importante evento da direita mundial, que chegou ao país em 2019 pelas mãos do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

    MÁGOA - Bolsonaro: aliados próximos mandam recados para os “gafanhotos”
    MÁGOA - Bolsonaro: aliados próximos mandam recados para os “gafanhotos” (Ton Molina/NurPhoto/AFP)

    E foi do meio da direita mais bolsonarista que veio o primeiro tranco público em Zema. Durante a CPAC, em Belo Horizonte, o governador encerrou a sua fala dizendo que “a direita precisa trabalhar unida”. Não pelo dito, mas pelo que não foi dito, a frase foi vista como oportunista por gente próxima ao ex-presidente. “Muito bacana esse papo de unir a direita, mas, quando se olha a realidade, quem o propaga não mexe uma palha pela tal direita. Não pergunta, não oferece ajuda, finge de morto. Típico gafanhoto”, escreveu Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro. Outra crítica veio de Carlos Bolsonaro. “O insosso e malandro governador de MG traz consigo uma colocação ardilosa digna de João Doria, aquele que pede desculpas a Lula depois de sempre ter usado Bolsonaro”, atacou o Zero Dois.

    A estratégia do grupo fiel ao ex-­presidente de criticar quem tenta se aproveitar do seu capital político sem defendê-lo já havia se manifestado quando o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tentou se distanciar de Bolsonaro apesar de mirar os votos bolsonaristas para 2024 — e foi igualmente chamado de “gafanhoto”. A avaliação nesse núcleo duro é que Zema “queimou a largada”, mas sair na frente pode ajudá-lo a consolidar apoio e eleitorado em uma seara onde há muita incerteza. Sem Bolsonaro no jogo, proliferam nomes na disputa pelo seu espólio, como os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Jr. (PR) e Ronaldo Caiado (GO), e a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

    Continua após a publicidade

    arte agenda Zema

    Para ganhar musculatura, Zema também participa ativamente da recalibragem de seu partido, o Novo. Na semana passada, em São Paulo, ele foi celebrado em um evento no qual a legenda divulgou uma nova identidade visual e, mais do que isso, sinalizou para ampliar o discurso da sigla, hoje mais focado na defesa do liberalismo econômico, para valorizar mais a pauta de costumes, com o objetivo de avançar no eleitorado à direita. O Novo também acentuou a guinada pragmática que esboçava ao enterrar mais uma de suas bandeiras filiando o ex-­procurador Deltan Dallagnol, ícone do lavajatismo, mas um ficha-suja para a Justiça Eleitoral — coisa que o Novo vetava. A sigla também já havia decidido usar os fundos eleitoral e partidário e formar alianças, coisas indispensáveis para fazer mais prefeitos em 2024 (só tem quatro hoje) e pavimentar um projeto maior para 2026. “Cometemos um erro em 2020 e lançamos candidatos em poucas cidades. Não cometeremos o mesmo erro”, diz o deputado Gilson Marques (SC).

    Maior aposta da sigla, Zema tomou a dianteira para virar a opção da direita em 2026, o que já o transformou em vidraça. Em política, porém, tudo pode mudar do dia para a noite. Até a relação com Bolsonaro não está totalmente rompida. “Desentendimentos podem ocorrer, e reconciliações também”, diz um interlocutor próximo do ex-presidente. Continuar acelerando numa agenda nacional sem queimar a largada será a grande prova de perícia para o governador daqui para a frente.

    Publicado em VEJA de 6 de outubro de 2023, edição nº 2862

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.