Especialista diz se boa audiência em lives é sinônimo de vitória nas urnas
Bruno Maia, profissional de inovação e novas tecnologias, fala a VEJA
Em meio a polarização que tem cercado a eleição presidencial entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), a audiência de entrevistas e debates quando os dois estão ao vivo também tem chamado a atenção. A repercussão de podcasts evidenciam essa percepção. Na noite desta terça-feira, 18, a live de Lula no podcast Flow Podcast superou a marca de 1 000 000 de espectadores simultâneos e bateu o recorde do canal. Até então, o maior número também havia envolvido a política, com a participação de Bolsonaro, em 8 de agosto, com pico de audiência de 573 000 pessoas. A interrogação que fica é se o modelo de bate-papos em podcasts veio definitivamente para ficar, em comparação com os tradicionais debates em redes de televisão.
“É inevitável compararmos o sucesso das lives com candidatos nos principais podcasts do Brasil com as críticas aos formatos dos debates televisivos. Os conteúdos ao vivo em plataformas digitais oferecem algumas métricas, como os números de acesso, que tangibilizam a sensação de ‘fulano ganhou’, que os debates não conseguem entregar. No final, o processo eleitoral é uma história em construção, com vitoriosos e perdedores. Então este tipo de característica ajuda no engajamento”, afirma Bruno Maia, especialista em inovação e novas tecnologias da indústria do esporte e entretenimento.
No domingo, 16, o Grupo Bandeirantes promoveu primeiro debate entre os candidatos presidenciáveis para o segundo turno da eleição, levando a emissora a vice-liderança no horário. O programa teve pico de 15 pontos, alcançando 2 200 000 pessoas na região, com média de 12,4 pontos de audiência na Grande São Paulo. O desempenho foi menor se comparado ao debate do primeiro turno, que teve 13,7 pontos de média. “A live de Lula só poderia ser comparada com a de Bolsonaro se as duas fossem, pelo menos, na mesma semana. Mas não deixa de ser notável ver um produto jornalístico atingir números dignos de entretenimento nesse meio”, acrescenta o executivo.
Bruno Maia chama a atenção para o fato do jornalismo se mostrar com maior alcance sob uma linguagem informal e até imprecisa. “Não é à toa que os dois candidatos estejam usando tanto os podcasts como plataformas de comunicação. Vários momentos desta campanha, afinal, foram pautadas por essas passagens deles em podcasts e lives”, analisa ele, autor do livro Inovação é o Novo Marketing, em 2020, e produtor e diretor de séries audiovisuais na Globoplay, como Nos Armários do Vestiários, e do filme Romário – O Cara para HBO MAX (previsão de lançamento para 2023).