Movimentos de esquerda e direita que protestaram em lados opostos nos últimos anos vão sair às ruas no mesmo dia e no mesmo local para pedir a saída do presidente Michel Temer. Os principais atos foram marcados para este domingo em pelo menos dez capitais do país, mas o principal deve ocorrer na Avenida Paulista, no centro de São Paulo. A mobilização ocorre após vir à tona o teor da delação premiada dos executivos da JBS, homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que gravaram Temer dando aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e indicando um deputado para resolver pendências da companhia — as acusações levaram a Corte a abrir um inquérito contra o presidente, que nega as acusações.
A Frente Brasil Popular e o Povo sem Medo, que reúnem partidos de esquerda, como PT, PSOL e PCdoB, e movimentos sociais, como MST e o MTST, já convocaram protestos para as 17 horas desta quinta-feira em Florianópolis e no Rio de Janeiro. Mas o maior deve acontecer às 15 horas no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, no domingo. As duas frentes sempre atuaram como uma linha de defesa dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, consideraram o impeachment um golpe de Estado, e vinham fazendo protestos contra as reformas trabalhista e previdenciária propostas pelo governo Temer. Além de pedirem “fora, Temer”, elas reivindicam eleições diretas.
Defensor do livre mercado e crítico do PT, o Vem pra Rua também marcou protestos para domingo — o maior será realizado às 14 horas na Avenida Paulista, no cruzamento com a Rua Pamplona. Para se distanciar da pauta da esquerda, o principal mote do grupo será “Prendam todos! Temer, Dilma, Lula e Aécio”. Junto com o Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem pra Rua foi um dos principais movimentos que pediram o impeachment de Dilma Rousseff em 2015 e 2016. O MBL e outros movimentos, como o Nas Ruas, estão cautelosos ainda quanto à realização de protestos, mas já defendem a renúncia de Temer.
Apesar de terem marcado atos simultâneos pela saída de Temer, as lideranças dos manifestantes que vestem vermelho e verde e amarelo deixaram claro que não vão se misturar entre si e que estão em lados antagônicos da história.