O estudante Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, que foi golpeado violentamente na cabeça por um policial militar durante uma manifestação, no centro de Goiânia, abriu os olhos e respondeu aos comandos dos médicos nesta quarta-feira. Segundo a equipe médica, o risco de vida diminuiu, mas o quadro clínico ainda é grave. Os traumas que ele sofreu foram muitos: vários ossos que contornam o nariz foram refeitos, a clavícula ainda está quebrada e parte do osso frontal (testa) foi retirado, exigindo reconstituição cirúrgica das membranas que protegem o cérebro.
O universitário foi atingido por um golpe de cassetete desferido pelo capitão da Polícia Militar de Goiás Augusto Sampaio de Oliveira durante tumulto em ato contra as reformas da previdência e trabalhista. Desde então, ele está internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), registrando melhora progressiva, mas ainda sem previsão de alta.
O rapaz passou por intervenção cirúrgica no sábado nos ossos menores da face, para evitar interferência deles no quadro clínico, explicou o coordenador da UTI 2 do Hugo, o médico intensivista Alexandre Amaral. Segundo ele, a qualquer momento o estudante pode ser desentubado e ter removida a ventilação mecânica.
Amaral disse que a cirurgia para reconstrução de parte do osso da testa ainda não tem data para acontecer. Ela depende da melhora no quadro bronco respiratório do rapaz. Silva sofreu pneumonia clínica e disfunção renal decorrentes dos ferimentos, passando por duas sessões de hemodiálise, problemas que já forma controlados.
Os familiares receberam nesta quarta-feira a visita dos senadores petistas Lindbergh Farias (RJ), Gleisi Hoffmann (PR) e Regina Sousa (PI) no hospital. O ex-presidente Lula também telefonou para os parentes de Silva. Já a Universidade Federal de Goiás, onde Silva estuda há pouco mais de um ano, por meio de nota assinada pelo reitor substituto, Manoel Chaves, encaminhou ofício à Secretaria de Segurança Pública e Administração do Sistema Penitenciário de Goiás, pedindo providências contra a agressão sofrida pelo estudante.
“Confirmada e comprovada a autoria do ato, a comunidade universitária solicita, além da punição administrativa, tendo em vista as circunstâncias do lamentável episódio, a responsabilização criminal do agressor”, diz o documento.
Desde a terça-feira, a vigília na porta do hospital cresceu com a adesão de muitos estudantes, professores e outras pessoas. Velas foram acesas pela recuperação do jovem.
(Com Estadão Conteúdo)