Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Estudante com deficiência visual relata novo tipo de erro no Enem

Candidata ainda não conseguiu descobrir a nota da prova, apesar de inscrições no Sisu já terem sido abertas

Por Roberta Paduan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jan 2020, 11h15 - Publicado em 20 jan 2020, 20h58
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A estudante Maria Gomes Sarmet Rocha, de 20 anos, vem enfrentando uma angústia adicional em busca de uma vaga na universidade. Desde de 16 de janeiro, quando o Ministério da Educação divulgou o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ela tenta descobrir, sem sucesso, a nota que tirou.  

    Portadora de deficiência visual grave e com a mão esquerda parcialmente paralisada (o que a impede de escrever em braille), Maria realizou as provas com auxílio de “ledores”, pessoas que leem a prova para que ela consiga responder às questões. Os ledores também descrevem imagens, preenchem o gabarito e escrevem a redação, ditada por candidatos como Maria.

    Inicialmente, Maria e os pais imaginaram que a nota não havia sido divulgada por algum problema de carregamento do sistema. Na sexta-feita, 17, a família passou o dia todo entrando e saindo do site do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira), responsável pela realização do exame.

    A mãe, Ana Lúcia Gomes, ligou para o telefone 0800 disponibilizado pelo Inep e, depois, enviou a mensagem com os dados da filha, conforme foi orientada pelo atendente. Como resposta, recebeu apenas uma mensagem automática, que lhe dava o número de um protocolo e a orientava a ligar novamente para o 0800, caso precise de mais detalhes. A família, que mora em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro, passou o final de semana nesse looping, tentando descobrir a nota de Maria.

    Continua após a publicidade

    A preocupação aumentou ainda mais depois que o Inep anunciou que havia identificado erros na correção de parte das provas, e que os candidatos que se sentiram prejudicados deveriam entrar em contato com o Instituto. Sem o resultado dos testes, Maria não consegue saber se foi vítima de erros de correção.

    Nesta segunda-feira, 20, a preocupação chegou ao ápice por causa da abertura do Sisu (Sistema de Seleção Unificado), marcada para terça. O Sisu distribui vagas de universidades públicas com base nas notas do Enem. “Sem a nota, não consigo me inscrever. E ninguém me deu nem ao menos uma previsão de quando minha nota será informada”, afirmou a estudante, que pretende estudar biologia e trabalhar na recuperação de áreas degradadas.

    Apesar de ter finalizado o ensino médio em 2018 em uma concorrida escola federal do estado do Rio de Janeiro, Maria não conseguiu realizar o Enem naquele ano. Na ocasião, estava internada para realizar a 19ª cirurgia na cabeça. Ela sofre de um tipo de tumor, que, apesar de não ser maligno, danifica o cérebro por causa de seu crescimento. Foi isso que a fez perder a visão e parte dos movimentos do lado esquerdo.

    Continua após a publicidade

    Trapalhada descoberta durante a prova

    Os problemas de Maria com o Enem começaram no primeiro dia de prova, apesar de ela ter informado sobre suas necessidades especiais no ato da inscrição. Foi só no meio da prova que ela descobriu que o Inep enviou os ledores para auxiliá-la, mas não enviou a prova correta para que eles pudessem, por exemplo, descrever adequadamente as fotos e gráficos para a estudante.

    “Em uma das questões, pedi para que o ledor descrevesse uma figura, mas ele disse que não poderia, por que se o fizesse, iria facilitar a resposta”, explicou Maria. “Em outra pergunta, o ledor ficou sem saber o que fazer, e correu em outra sala de aula. Na volta, estava com uma prova diferente, que explicava muito melhor a mesma questão”. 

    Ao saber da trapalhada do primeiro dia, a família da estudante recorreu à Justiça e conseguiu que Maria fizesse um novo teste, dessa vez com os ledores e as provas certas. “Ela refez o teste em dezembro, e achamos que estivesse tudo certo, que era só esperar o resultado”, afirma José Paccelli Sarmet Rocha, pai de Maria.

    Continua após a publicidade

    Procurado por VEJA, o Inep pediu que enviássemos as perguntas por escrito. Até a publicação desta matéria, o Instituto não havia respondido sobre o caso de Maria. Também não informou quantos candidatos com as mesmas deficiências fizeram o teste, nem quantas pessoas não tiveram as notas divulgadas.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.