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Ex-número 2 de Temer é envolvido em investigação sobre a Caixa

Roberto Derziê de Sant'Anna foi secretário-executivo de pasta responsável por articulação política que era comandada pelo presidente durante o governo Dilma

Por Da Redação
13 jan 2017, 18h35
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  • Relatório da Operação Cui Bono? (A quem beneficia?, em latim), deflagrada nesta sexta-feira pela Polícia Federal, cita o atual vice-presidente de Governo da Caixa, Roberto Derziê de Sant’Anna, apontado como aliado do presidente Michel Temer, como envolvido no esquema de corrupção que teria predominado no banco público sob comando do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e do ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos do PMDB.

    Na análise de mensagens recuperadas de um celular encontrado na residência de Cunha, durante a Operação Catilinária, os investigadores encontraram menção a “Desirre”, codinome atribuído a Derziê. Conforme a PF, Cunha e Geddel mencionam o suposto aliado de Temer como um dos servidores da Caixa que ajudariam a liberar R$ 50 milhões para empresas do Grupo Constantino. A operação renderia propinas ao grupo investigado.

    Na época dos diálogos, em 2012, Derziê era diretor-executivo de Pessoa Jurídica da Caixa. Depois de exercer essa função, foi nomeado secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), em 2015, no período em que Temer, ainda como vice-presidente, assumiu a pasta, responsável pela articulação política com o Congresso.

    Derziê deixou a função – que, na hierarquia, ficava logo abaixo do cargo de Temer – para ocupar a vice-presidência de Riscos da Caixa, mas foi exonerado em abril de 2016 pela então presidente Dilma Rousseff, em reação à adesão de Temer e do PMDB ao impeachment. Em dezembro passado, o governo do atual presidente o reincorporou à cúpula do banco. Na época, a nomeação chegou a ser questionada, nos bastidores, diante de rumores de que Derziê era citado em investigações.

    Nas mensagens, Cunha e Geddel tratam de pendências para a liberação dos R$ 50 milhões à Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários e à Comporte Participações, empresas do Grupo Constantino, do empresário Henrique Constantino.

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    “Oeste Sul, o Desirre não atende o Henrique e não resolve”, escreveu Cunha, em 3 de outubro de 2012, ao que Geddel respondeu: “Está em São Paulo. Vai ligar para ele agora. Mas ainda é aquela questão das garantias”. Cunha prosseguiu: “E mas para resolver como vc falou”. “Ele vai ligar p Henrique agora. Já tou vendo Marfrig”, escreveu Geddel.

    Ao analisar as mensagens, a PF concluiu: “Depreende-se que Eduardo Cunha estaria informando Geddel que o empresário Henrique Constantino não estaria conseguindo comunicação com Roberto Derziê de Sant’Anna, diretor-executivo de Pessoa Jurídica da CEF”. Os investigadores registram ainda: “Logo em seguida, Geddel reporta a Eduardo Cunha que Derziê já ligou para ‘HC’ (Henrique Constantino) e verifica se o assunto se trata de R$ 50 milhões”.

    A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que Derziê foi indicado ao cargo de secretário-executivo quando Temer comandava a Secretaria de Relações Institucionais, por Geddel, que tinha com ele uma boa relação e o “elogiava”. Conforme a secretaria, a única ligação do presidente com ele foi a profissional, naquele período.

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    Alvo da Polícia Federal, que fez buscas no edifício-sede da instituição, em Brasília, a Caixa informou, em nota, que “presta irrestrita colaboração com as investigações”. “Esclarecemos que o banco está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações, procedimento que continuará sendo adotado.”

    (Com Estadão Conteúdo)

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