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Exclusivo: em vídeos, Orlando Diniz narra relações com políticos

Depoimentos revelam pagamentos em espécie para parlamentares

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 set 2020, 15h07 - Publicado em 15 set 2020, 00h49

As revelações do ex-presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, trouxeram à tona um esquema de desvio de 151 milhões de reais para diversos escritórios de advocacia. Em seu acordo de delação premiada, o empresário detalhou como se aproximou de alguns políticos para tentar preservar o seu cargo e vencer uma guerra judicial. Em depoimentos gravados em vídeos, obtidos por VEJA, Diniz confessa que procurou parlamentares em Brasília – e pagou propinas.

Em um dos capítulos de sua colaboração, o empresário relata que, em meados de 2016, contou com a ajuda de um lobista em Brasília para se aproximar do então deputado Lelo Coimbra, que era líder da maioria na Câmara e tinha estreitas ligações com então ministro do Desenvolvimento Social do governo Temer, Osmar Terra. Essa articulação política tinha como objetivo blindar Diniz no comando da Fecomércio-RJ com a nomeação de uma pessoa de confiança para o conselho fiscal do Sesc Nacional. O plano deu certo, e o empresário diz que a ajuda de Coimbra foi retribuída com um milhão de reais em espécie, transportados num avião fretado.

Em outro trecho de seu depoimento, o ex-presidente da Fecomércio disse que recorreu à ajuda do deputado federal e líder do PTB na Câmara dos Deputados, Jovair Arantes, e seu sobrinho, Leonardo Arantes, então secretário-executivo do Ministério do Trabalho, para emplacar um aliado no conselho regional do Senac. A investida fazia parte da estratégia de Diniz se fortalecer politicamente. Em troca dessa nomeação, o empresário diz que houve o repasse de 1,5 milhão de reais em espécie para Jovair Arantes e Leonardo Arantes. As entregas desses recursos teriam sido feitas em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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Com problemas no Tribunal de Contas da União (TCU), Diniz recorreu a Sérgio Cabral. O empresário destinou cerca de 20 milhões de reais da Fecomércio para contratar a advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio de Janeiro. Esse repasse ajudou a estreitar a relação entre o empresário e Cabral. Num dos encontros entre os dois, o ex-governador do Rio chegou a fazer uma ligação na frente de Diniz para o ministro Vital do Rêgo, do TCU.

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De acordo com Diniz, Cabral também foi responsável pela indicação do advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, do TCU – que recebeu 15,9 milhões de reais da Fecomércio. Segundo o empresário, Cedraz articulou um encontro com o deputado Paulinho da Força para buscar influência política. A estratégia era ter um deputado ao lado de Diniz em meio à guerra para tirá-lo do comando do Sistema S fluminense.

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Mesmo com apoio político e a contratação de diversos escritórios de advocacia, Diniz acabou sofrendo uma derrocada na presidência da Fecomércio-RJ. Acusado de desvios de recursos, o empresário foi preso – e acabou fechando um acordo de delação premiada. As suas revelações resultaram num processo em que 26 pessoas se tornaram réus. Dentre os acusados, estão os advogados Cristino Zanin, que defende o ex-presidente Lula, e Eduardo Martins, filho do ministro Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça.

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